Tramandaí – De bombacha, bota e chapéu, Chimangos e Maragatos duelam em partida de futebol de areia no Litoral Norte


A 28ª edição do Futebol de Bombacha, em Tramandaí, ocorreu neste domingo

Com o fardamento gaudério completo, chimangos e maragatos disputaram, neste domingo (22), a 28ª edição do Futebol de Bombacha, na Praça General Müller, em Tramandaí. Jogada de bota e chapéu, a partida tem regras próprias, como o intervalo para beber chope sempre que um gol é marcado. Desta vez, o jogo terminou empatado e foi decidido por pênaltis. Depois de 27 anos de derrotas, a equipe dos Maragatos conquistou uma verdadeira façanha e venceu pela primeira vez a disputa.

Com sete gaúchos para cada lado, a partida começou pouco depois do meio-dia deste domingo, na praça próxima a Avenida Beira-Mar. Os competidores precisam estar com a vestimenta completa obrigatoriamente, com bombacha, bota, chapéu e lenço. Foram dois tempos de 25 minutos, sob o sol forte da praia.

Apesar do clima de descontração, jogadores e torcida levam a sério as regras estabelecidas. Quem deixa o chapéu cair no chão, leva falta. O time que marcar gol, tem dois minutos de folga para tomar chope. Em caso de empate, a cobrança de pênalti é feita sem goleiro. O juiz apita a partida de cima de um cavalo, assim como o maqueiro, que busca jogadores feridos dentro do campo por meio de um tapete puxado pelo animal.

O VAR, um gaúcho sentado a beira do campo que segura nas mãos a moldura de uma tv, costuma dar decisões duvidosas sobre o jogo e esquecer o placar, mas mantém o copo de chope sempre por perto.

Atenta, a torcida reage a cada lance:

— O VAR e o juiz estão bêbados — gritavam após um gol marcado.

A partida terminou com ao menos três jogadores retirados da quadra com ajuda do cavalo, e com empate em 4 a 4. Nos pênaltis, os Maragatos levaram a melhor, num placar de 7 a 6. Tiago Muriel de Azevedo, que fez dois gols durante o tempo normal, falou sobre a vitória depois de quase 30 anos sem vitórias para os gaúchos de lenços vermelhos.

— Foi bem emocionante. Não foi fácil, porque a equipe deles costuma jogar junto, é mais entrosada. Hoje foi a nossa consagração — diz o Maragato, com o lenço vermelho em volta do pescoço, que já participou de três edições da disputa.

Ao final da partida, as equipes posaram para fotos. Os vencedores voltam para casa com um troféu, cedido pela prefeitura, de time “menos pior”.

A maioria dos jogadores mora em municípios do Vale do Sinos. Eles vieram até o litoral em carros e também em uma excursão, que chegou pela manhã em Tramandaí e deixaria a praia no fim do dia.

O evento é organizado pela Academia Tiaraci, que oferece aulas de dança de salão e fandango em Estância Velha e compõe o time dos Chimangos. Os Maragatos são jogadores da Maçonaria FC. A disputa teve apoio da secretaria de Turismo e Desporto de Tramandaí. A última edição do Futebol de Bombacha foi realizada em 2019, e não ocorreu nos dois anos seguintes em razão da pandemia.

Nilson Vilmar Mendes, organizador do evento e dono da Academia Tiaraci, disputou o começo da partida, mas depois trocou a quadra de areia pela arquibancada e o chopp:

— É para deixar os outros jogarem também — brinca. — Acho que a maior dificuldade aqui é a bota, que pesa para jogar. A areia também cansa, porque exige mais esforço para os passes. Como trabalho com dança, preciso cuidar para não machucar o pé, porque um chute com a bota pode ferir.  Mas aqui somos todos amigos, é pela brincadeira mesmo.

Levar a tradição

Conforme a instrutora de dança Elaine Pospichil, 49, o objetivo do evento é destacar e celebrar a cultura gaúcha. Nesse objetivo, o evento roda o Estado e já foi realizado também em Santa Catarina.

— A gente busca divulgar a cultura gaúcha, fazer isso de uma forma divertida. A nossa juventude hoje não se interessa muito por ela, então tentamos trazê-los para esse universo. É uma brincadeira sadia, a peleia aqui é em campo, e a gente se diverte muito — conta Elaine, que dá aula de dança há 15 anos e já acompanhou ao menos 10 edições do Futebol de Bombacha.

Para as próximas edições, a organização do evento pretende levar a disputa para as capitais Farroupilhas, como Alegrete e Piratini.

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Fonte: GauchaZH/ Foto Lauro Alves