Segunda fase da operação Retomada é desencadeada em Santo Antônio da Patrulha
Objetivo do Ministério Público do Rio Grande do Sul e Brigada Militar é combater o tráfico de drogas e delitos associados em condomínio popular
A segunda fase da operação Retomada foi desencadeada ao amanhecer desta terça-feira pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) e Brigada Militar (BM) em Santo Antônio da Patrulha. O objetivo é combater o tráfico de drogas e delitos associados em um condomínio residencial popular do Programa Minha Casa, Minha Vida, com 240 apartamentos, na cidade. A primeira etapa da ação ocorreu no dia 5 de agosto do ano passado.
Nesta nova fase, um total de 19 mandados de busca e apreensão e outros três mandados de prisão foram cumpridos sobretudo na cidade, mas também no município de Caraá e na Penitenciária Modulada Estadual de Osório. Seis prisões foram efetuadas e houve o recolhimento de quase 500 pedras de crack, entorpecentes diversos, duas espingardas calibres 36, um total de 28 telefones celulares, dez munições de calibre 38, cadernos de anotações e armas.
Pelo MPRS, a operação foi coordenada pelos promotores de Justiça Camilo Vargas Santana, de Santo Antônio da Patrulha, e João Afonso Silva Beltrame, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRS.
Já pela BM, a ofensiva foi conduzida pelos comandantes do Comando Regional de Polícia Ostensiva do Litoral (CRPO Litoral), coronel Sérgio Gonçalves dos Santos, e do 8º BPM, major Luiz Cesar Lima dos Santos. Os efetivos do CRPO Litoral, 8º BPM, 2°BPAT, CPChq, BOPE, Batalhão de Aviação, Canis Regional e do 1º BPChq, com apoio do Departamento de Saúde, participaram do cumprimento das ordens judiciais.
A mobilização foi o resultado das provas coletadas durante a primeira fase da operação, quando foram presas 20 pessoas e apreendidas armas, munições e drogas. “Os elementos coletados naquele dia demonstraram a existência de outras pessoas envolvidas e que continuavam a atuar no tráfico de drogas”, explicou o MPRS em um comunicado. “A investigação mostrou também que, após a realização da operação Retomada, os integrantes da facção alteraram o modus operandi, passando a vender entorpecentes fora das dependências do residencial, em pontos de fácil acesso pelos fundos do condomínio, embora ainda houvesse imóveis sendo ocupados pelos traficantes”, observou.
“Apurou-se ainda que parte da facção atuava diretamente na venda, recolhimento do dinheiro obtido e armazenamento da droga, enquanto outras pessoas foram identificadas como responsáveis pelo transporte dos integrantes da facção e de entorpecentes, sendo um dos investigados o proprietário de uma comunidade terapêutica destinada ao tratamento de dependentes químicos”, acrescentou o MPRS.
“Embora a operação Retomada tenha conseguido retirar grande parte dos agentes envolvidos no tráfico, sabemos que as facções criminosas sempre buscam restabelecer seu domínio territorial. É o que estava acontecendo, na medida em que novas pessoas ligadas ao grupo atuavam no residencial”, esclareceu o promotor de Justiça Camilo Vargas Santana.
O coordenador do Gaeco, João Afonso Silva Beltrame, disse que essa nova fase da operação se mostrou necessária após o avanço das investigações. “Os elementos analisados demonstraram fortes indícios de que os agentes continuavam atuando no condomínio e nos arredores, o que foi determinante para esta nova investida, em que estamos buscando mais provas para responsabilizar outras pessoas”, afirmou.
Para a BM, a ação visa promover “segurança a inúmeras famílias que habitam no condomínio e que antes dessas ações integradas viveram momentos de intranquilidade pelos delitos identificados na área, sendo que muitos moradores chegaram a mudar de residência”. Além de armazenar drogas em apartamentos próprios e alugados, a organização criminosa também obrigava moradores, mediante ameaça, a guardarem os entorpecentes, sendo registrados inclusive casos de pessoas que precisaram abandonar seus apartamentos.
A investigação verificou que a facção, comandada por dois irmãos recolhidos na Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas, trazia a droga de Canoas e a estocava em residências próximas e em apartamentos dentro do residencial. O grupo criminoso adquiriu ou alugou cerca de 20 apartamentos, os quais eram utilizados para moradia, fracionamento e armazenamento de drogas.
A venda dos entorpecentes ocorria em frente ao condomínio, à luz do dia, e os moradores que não colaborassem com essa prática eram obrigados a deixar o local. Além disso, perpetuava a lei do silêncio, pois os moradores não se sentiam seguros em denunciar os envolvidos com o tráfico de drogas no local, por medo de represálias.
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Fonte: Jornal Correio do Povo