Porque Porto Alegre não alagou mais com nova cheia do Guaíba? Porque o sistema de proteção das Bombas recebeu atenção especial do DMAE
Nos últimos dias, o nível do lago voltou a subir, mas a cidade não apresentou novos pontos de alagamento
O nível do Guaíba não atingiu, felizmente, o repique previsto. Apesar disso, nesta terça-feira, bateu os 5,25m – número bem próximo ao máximo de 5,33m – e, ainda assim, as águas que antes invadiram Porto Alegre não avançaram para novos pontos, tampouco elevaram em níveis extremos. Pelo contrário: lugares que antes estavam alagados, hoje já apresentam pontos secos.
Parte do motivo que resultou no alagamento da Capital é também o que permitiu que a cidade não sofresse com novas inundações com a nova subida do rio: as Casas de Bomba (CBs). O mecanismo faz parte do sistema de proteção da Capital – também composto por diques e pelo muro da Mauá – e é responsável pela drenagem das águas nas ruas. Com as chuvas extensivas e o aumento em escalada do lago, boa parte das 23 CBs ficaram submersas e pararam de funcionar. Isso explicaria, em partes, porque regiões distantes do Guaíba – como os bairros Menino Deus e Cidade Baixa – foram invadidos pela água.
No entanto, ao longo dos últimos dias, o DMAE vem trabalhando para escoar a água presente nas galerias e CBs e, assim, possibilitar que os motores sejam novamente ligados e retornem a drenar. Essa previsão já havia sido feita pelo diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE), Maurício Loss, na segunda-feira. Atualmente, nove CBs já estão em funcionamento e a perspectiva é que esse número siga aumentando.
Apesar disso, Fernando Dornelles, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IDH) da Ufrgs, aponta outra possível causa: a existência de condutos com vazamento ligados diretamente ao Guaíba em áreas de baixo nível. Ele explica que esse tipo de medida só é possível por meio de condutos forçados, que drenam em áreas cuja altitude é superior ao nível do lago, como por exemplo do Conduto Forçado Alvaro Chaves. Isso porque, quando a rede de drenagem de uma área baixa é ligada diretamente ao Guaíba (sem passar por uma casa de bombas), a água pode fazer o sentido inverso (ir do Guaíba para cidade) em situações de cheia, como a vivenciada nos últimos dias na Capital, devido a forte pressão contrária. Logo, se houvessem entradas de água como essas nas áreas protegidas pelos diques, podem ter sido estancadas. Isso explicaria porque regiões como o entorno do estádio Beira-Rio, abarcada pela casa de bomba 12, que nunca parou de funcionar, foi tão atingida e, nesta quarta-feira, já está seca.
Em suma, a atuação dos órgãos do poder público da Capital, em especial do DMAE, para contenção dos danos causado pelas enchentes segue. Seja na retomada do funcionamento as CBs, seja estancamento de possíveis falhas em dutos de água. Mas cabe lembrar que o sistema de proteção, ainda que elaborado há mais de 50 anos, sustenta em até 6 metros o nível do rio que, ainda em seu ponto mais alto este ano, não foi atingido. Logo, as águas invadiram a Capital por falhas no sistema, seja no funcionamento das CBs, seja no rompimento de diques – como no bairro Sarandi – ou de comportas – como no bairro Humaitá e região do aeroporto.
Até o momento, a prefeitura não detalhou quais foram essas falhas e porque um sistema que demanda ajustes e reparos com frequência não o teve, o que justificaria parte da Capital submersa a mercê do tempo – e do Guaíba.
Fonte: Jornal Correio do Povo
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