Política – Lula diz que esforço para proteger Bolsonaro sairá do bolso dos americanos.

Lula critica postura de Trump e reafirma independência do Brasil em entrevista ao “The New York Times”

Em entrevista publicada nesta quarta-feira (30) pelo jornal norte-americano The New York Times, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não negociará com os Estados Unidos “como se o Brasil fosse um país pequeno”. Lula destacou que, embora reconheça o poder militar e a liderança tecnológica dos americanos, ele vê isso mais como uma preocupação do que um motivo para temor. “Nós estamos tratando desse assunto com toda a seriedade. Mas seriedade não significa subserviência. Eu trato todos com muito respeito. Mas eu quero ser tratado com respeito também”, declarou o presidente.

Lula também expressou sua frustração com a postura do ex-presidente Donald Trump, destacando que os esforços para proteger Jair Bolsonaro, seu predecessor, sairão do bolso dos americanos, que acabarão pagando mais caro por produtos como café, carne e suco de laranja. “Nem os americanos nem os brasileiros merecem isso. Vamos mudar de uma relação diplomática ganha-ganha para uma relação política em que todos perdem”, afirmou o presidente.

O líder brasileiro mencionou que, apesar de suas tentativas de negociação, Trump ignorou suas abordagens. “Eu designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que todos conversem com seus equivalentes nos EUA para entender qual é a possibilidade de conversa. Até agora, não foi possível”, disse Lula.

Além disso, o presidente brasileiro defendeu o Supremo Tribunal Federal (STF) e criticou as ingerências do governo americano sobre o Judiciário brasileiro, especialmente em relação às sanções impostas a ministros da corte. “O Supremo de um país deve ser respeitado dentro de seu próprio território e pelo mundo”, declarou Lula.

O jornal também abordou as pressões de Trump para que o Brasil encerrasse o processo judicial contra Bolsonaro, condição para revisar o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. Lula reafirmou que o Judiciário do Brasil é independente e que o processo seguirá seu curso democrático e legal. “Talvez ele (Trump) não saiba que aqui no Brasil o Judiciário é independente”, respondeu o presidente, acrescentando que é “vergonhoso” que Trump tenha feito suas ameaças em sua rede social, Truth Social.

Lula também criticou a forma como Trump tem lidado com as negociações comerciais. “O comportamento do presidente Trump se desviou de todos os padrões de negociação e diplomacia”, disse ele. “Quando você tem um desentendimento comercial, um desentendimento político, você pega o telefone, marca uma reunião, conversa e tenta resolver o problema. O que você não faz é taxar e dar um ultimato.”

Na mesma quarta-feira, Trump assinou uma ordem executiva impondo uma tarifa adicional de 40% sobre produtos do Brasil, elevando a taxação total para 50%, a mais alta já aplicada a um país desde o início da guerra comercial. A medida faz parte de uma nova rodada de sanções comerciais contra nações parceiras dos Estados Unidos.

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