Polícia – Delação de Élcio de Queiroz: o que ex-PM disse sobre o dia da morte de Marielle Franco
Delação premiada firmada com PF e MP do RJ levou à operação que prendeu nesta segunda-feira o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel.
O ex-PM Élcio de Queiroz firmou delação premiada com a Polícia Federal (PF) e com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Ele deu detalhes do atentado contra a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.
Élcio está preso desde 2019, assim como o ex-policial reformado Ronnie Lessa. Os dois vão ser julgados pelo Tribunal do Júri pelo crime, mas a data do julgamento ainda não foi definida.
Em sua delação, Élcio apontou outro envolvido, o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, e explicou a dinâmica do crime.
Marielle perseguida e tentativa de assassinato em 2017
Élcio contou à polícia que, no Ano Novo de 2017, Ronnie Lessa contou para ele que estava planejando um crime. Ele teria dito que ele e o PM Edmilson, morto em novembro de 2021, estavam “para pegar a mulher que estavam monitorando há alguns meses”, mas sem dizer quem era.
Segundo Élcio, Ronnie contou que chegaram a tentar matá-la em 2017, mas que tiveram um problema com o carro que era dirigido por Maxwell. Ronnie teria dito que acreditava, na verdade, que Maxwell teria desistido e inventado a falha mecânica.
Ronnie detalhou como era a dinâmica no dia do crime. Maxwell dirigia, Ronnie estava no banco de trás armado e Edmilson seguia atrás, também armado, para segurar o trânsito se fosse preciso.
As horas que antecederam o crime
12h – Ronnie Lessa chama Élcio para o crime
No dia do crime, Élcio contou que estava trabalhando para uma loja de móveis quando, por volta das 12h, recebeu uma mensagem de Ronnie Lessa perguntando onde ele estava e dizendo que precisava de alguém para dirigir para ele. Na sequência, ele enviou uma foto de algumas mulheres, mas Élcio alega que não conseguiu ver a imagem porque havia expirado.
16h – Lessa pede que Élcio o encontre em sua casa
Élcio contou que recebeu outra mensagem de Lessa por volta das 16h, pedindo que evitasse o horário de pico do trânsito e que fosse se encontrar com ele na Barra da Tijuca, no condomínio onde morava.
17h – No condomínio de Lessa
O delator contou que chegou com seu carro, deixou o veículo na garagem de Lessa e seguiu com ele até um ponto, alguns metros atrás do condomínio, onde havia um carro à espera. Élcio contou que deixou seu telefone no carro de Lessa a pedido dele.
No carro, Lessa ficou no banco do carona. Élcio contou que viu do retrovisor quando Lessa colocou um casaco preto, tirou uma submetralhadora da bolsa, instalou o silenciador, colocou uma touca e pegou um binóculo para observar o movimento. Foi ali que contou que estavam indo ao encontro de Marielle Franco e que a questão era pessoal.
Marielle chegou na sequência, e Élcio disse que ele chegou a cogitar matá-la na entrada no local, mas que ele alertou que havia muitas pessoas na rua.
O crime
21h – Perseguição e morte de Marielle
Élcio disse que eles ficaram um longo período no carro até que Marielle, Anderson e Fernanda Chagas, sua assessora, entraram no carro para deixar o evento.
Élcio e Ronnie começam a seguir o carro de Marielle, mas suspeitaram de um carro preto que parecia estar junto do veículo da vereadora. Suspeitando que fosse a polícia, Ronnie pediu que ele continuasse seguindo porque sabia de um bar onde ela costumava ir e sabia que estava indo para lá.
21h30 – Morte de Marielle e de Anderson
No caminho para o bar, Ronnie percebeu que o veículo da vereadora havia reduzido a velocidade porque esperava um carro que estava na contramão passar. Com o vidro abaixado, pediu que Élcio emparelhasse o carro e fez os disparos.
Em sua delação, Élcio disse que ouviu uma rajada e as cápsulas caírem sobre ele.
Fuga para a casa da mãe de Lessa
21h48 – Fuga para a casa da mãe e encontro com ex-bombeiro
Após o crime, eles seguiram para a casa da mãe de Ronnie Lessa, no bairro do Méier. De lá, seguiram em um táxi para a Barra da Tijuca. A polícia confirmou que o irmão de Lessa foi quem fez o pedido na cooperativa de táxi, por volta das 21h48 – 18 minutos depois do crime.
O endereço na Barra era um bar, onde encontraram com Maxwell. Élcio disse que naquele momento, já falavam da morte da vereadora na imprensa e que Maxwell sabia que tinha sido eles. No bar, eles permaneceram juntos, Maxwell, Ronnie Lessa e Élcio, bebendo e conversando até às 3h.
Desova do carro
No dia seguinte, segundo Élcio contou em sua delação, ele e Ronnie Lessa se encontraram com Maxwell no Méier para se livrar do veículo usado no crime.
Antes, eles checaram o carro e encontraram cápsulas restantes, resquícios do crime, que foram descartadas. Depois, Maxwell adulterou o veículo com outra placa e seguiu com o carro até Rocha Miranda, onde seria descartado por uma quarta pessoa, identificada como Edmilson Barbosa dos Santos, conhecido como “Orelha”.
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Fonte: Globo.com