Mundo – Sobe para 11 o número de civis mortos em protestos na Venezuela contra a reeleição de Maduro.

Foto: YURI CORTEZ / AFP / CP / TVN

Simpatizantes da oposição questionam os resultados das eleições de domingo, que, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), dá um terceiro mandato a Maduro

Ao menos 11 civis morreram nos protestos que eclodiram em Caracas e em outras cidades da Venezuela contra a reeleição do presidente chavista Nicolás Maduro, informaram nesta terça-feira, 20, quatro organizações de defesa dos direitos humanos.

“Há onze pessoas mortas nestes protestos. Cinco dessas pessoas [foram] assassinadas em Caracas. Preocupa-nos o uso de armas de fogo nessas manifestações”, declarou Alfredo Romero, diretor da ONG Foro Penal Venezolano, ao detalhar que há dois menores de idade entre os mortos.

Protestos pelo país

Com gritos de “liberdade, liberdade!”, milhares de opositores se concentraram em Caracas e outras cidades da Venezuela para reivindicar a vitória do candidato opositor Edmundo González Urrutia, que por sua vez instou os militares e o governo de Nicolás Maduro a não reprimir o povo.

Os simpatizantes de González e da líder de oposição María Corina Machado questionam os resultados das eleições de domingo, que, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado ao governo, dá um terceiro mandato ao esquerdista Maduro.

“Devemos permanecer nas ruas, não podemos permitir que nos roubem os votos tão descaradamente. Isso precisa mudar”, disse à AFP Carley Patiño, de 47 anos, que trabalha como administradora.

Sob a liderança de María Corina Machado, a oposição afirma ter provas para comprovar sua vitória, enquanto a comunidade internacional pressiona por uma recontagem transparente dos votos.

Na concentração em Caracas, González pediu calma às Forças Armadas após a morte de 11 pessoas em protestos contra a questionada reeleição de Maduro, segundo números de quatro organizações de defesa dos direitos humanos.

“Senhores da Força Armada: não há razão alguma para reprimir o povo da Venezuela, não há razão alguma para tanta perseguição”, disse o rival de Maduro nas eleições.

“Há onze pessoas falecidas nestes protestos. Cinco destas pessoas [foram] assassinadas em Caracas. Nos preocupa o uso de armas de fogo nestas manifestações”, declarou Alfredo Romero, diretor da ONG Foro Penal, detalhando que há dois menores de idade entre os falecidos.

O Ministério da Defesa relatou que 23 militares também sofreram ferimentos.

A Casa Branca considerou “inaceitável” a repressão aos manifestantes, que também deixou dezenas de feridos, enquanto o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu respeito às manifestações pacíficas dos opositores.

Por outro lado, os seguidores do presidente de esquerda se preparam para realizar uma grande manifestação de apoio que irá até o palácio presidencial de Miraflores.

O líder opositor Freddy Superlano foi preso nesta terça, no que a oposição classificou como uma “escalada repressiva”.

Lealdade absoluta

“Na Venezuela não está havendo protestos, mas focos de pessoas criminosas, armadas, para agredir, para criar um caos”, disse o procurador-geral do país, Tarek William Saab.

As Forças Armadas, principal suporte do governo, expressaram “absoluta lealdade e apoio incondicional” a Maduro, disse o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, que respaldou a tese de um golpe contra o presidente.

“Vamos agir com contundência, em perfeita união cívico-militar-policial, para preservar a ordem interna em todo o território nacional”, afirmou Padrino em uma mensagem na televisão.

Perseguição

Familiares esperavam do lado de fora do comando da Guarda Nacional – um componente militar com funções de ordem pública – onde estão detidas várias mulheres desde os protestos de segunda-feira, incluindo menores de idade.

“Minha filha é menor de idade, tem 16 anos, está com uma amiga que tem 25 anos, elas saíram ontem por volta das 11 ou 12 horas para dar uma volta e foram detidas (…) não estavam participando de manifestações”, disse à AFP uma mulher de 50 anos, que pediu anonimato.

“Estou muito preocupada, minha filha é estudante, é música, é uma moça de família”, acrescentou.

Um médico de 32 anos também aguardava informações sobre um familiar que foi preso no protesto.

“Infelizmente, estamos sofrendo uma perseguição deste governo”, disse o homem, que também preferiu não revelar seu nome por motivos de segurança.

A oposição já havia reportado a prisão de cerca de 150 pessoas durante a campanha.

Manipulação aberrante

A Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciou nesta terça que as eleições presidenciais de domingo sofreram “a manipulação mais aberrante”, segundo comunicado do secretário-geral Luis Almagro.

Machado afirma ter cópias de 73% das atas de apuração que comprovariam a suposta fraude, projetando uma vitória de González com 6,27 milhões de votos contra 2,75 milhões de Maduro.

A divulgação das atas de votação também é uma exigência da comunidade internacional, que questiona a reeleição de Maduro, incluindo Colômbia, Brasil e Estados Unidos.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, pediu nesta terça que aqueles que questionam e até denunciam uma fraude eleitoral “não metam o nariz” nos assuntos internos da Venezuela.

O governo venezuelano expulsou o pessoal diplomático da Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai, em resposta ao que considera “ações intervencionistas” desses países.

Seis colaboradores de María Corina Machado estão refugiados há seis semanas na embaixada argentina. A líder de oposição denunciou um cerco policial à sede diplomática. A Argentina afirmou que se trata de “assédio” contra sua sede diplomática.

Fonte: Correio do Povo

Curta, compartilhe e inscreva em nosso canal do youtube.com/@tvnativoos, curta nossa página no facebook, instagram e veja nossa programação ao vivo portal www.tvnativoos.com.br