Megaoperação no Rio de Janeiro gera protestos contra o governo estadual, mais de 60 corpos são achados em mata e número de mortos chega a 121.
O governo do Rio de Janeiro confirmou, nesta quarta-feira (29), que ao menos 121 pessoas morreram durante a megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte da capital fluminense. Segundo o secretário da Polícia Civil, delegado Felipe Curi, entre os mortos estão quatro policiais e 117 suspeitos ligados ao Comando Vermelho. A ação é considerada a mais letal da história do Estado.
Corpos encontrados em área de mata
Moradores do Complexo da Penha relataram ter encontrado pelo menos 74 corpos em uma área de mata. Segundo os relatos, os corpos foram levados ao longo da madrugada para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, uma das principais vias da região.
O secretário Felipe Curi, porém, informou que 63 corpos foram localizados na mata.
Governador chama operação de “sucesso”
Apesar do número de mortos e das denúncias de execuções e torturas feitas por moradores, o governador Cláudio Castro (PL) classificou a ação como “um sucesso”, afirmando que as únicas vítimas foram os quatro policiais mortos.
Castro declarou que a operação representou “um duro golpe na criminalidade” e negou que tenha havido precipitação das forças de segurança.
Protestos em frente ao Palácio Guanabara
Horas após o anúncio dos números oficiais, moradores dos complexos do Alemão e da Penha protestaram em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo estadual. O grupo, escoltado por policiais do Batalhão de Choque da PM, levou cartazes com frases como “Estado genocida”, “Todas as vidas importam” e “Castro assassino”. Bandeiras do Brasil com manchas vermelhas também foram exibidas.
“O que aconteceu dentro da comunidade foi um genocídio. Toda véspera de eleição tem uma estratégia de entrar nas nossas comunidades, matar o nosso povo e causar o terror”, afirmou Rute Sales, moradora da Penha e ativista do movimento negro.
Ela acrescentou: “Os corpos estão sendo usados politicamente. E os corpos que tombam são os nossos — do povo preto e do povo pobre. Não aguentamos mais.”
Reação do governo federal
O protesto ocorreu pouco antes de uma reunião entre Cláudio Castro e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Após o encontro, ambos anunciaram a criação de um escritório emergencial de enfrentamento ao crime organizado no Rio de Janeiro.
A nova estrutura será coordenada conjuntamente pelo secretário nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, e pelo secretário estadual de Segurança, Victor Santos, e terá como objetivo integrar ações das esferas federal e estadual.
Lewandowski informou que o governo federal vai reforçar o efetivo da Polícia Rodoviária Federal em 50 agentes nas estradas do estado e ampliar o número de agentes de inteligência. Também serão disponibilizados peritos federais e vagas em presídios federais para presos de alta periculosidade, caso o governo estadual solicite.
Contexto de violência
Mesmo diante do alto número de mortos e das denúncias de abusos nas comunidades, o governo estadual mantém o discurso de que a operação representou um êxito no combate ao tráfico. Para especialistas e moradores, no entanto, a ação reacende o debate sobre o uso excessivo da força policial e a militarização das favelas cariocas, que seguem como palco de confrontos recorrentes e letais.
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