Créditos de carbono na mira do agro

Projetos de reflorestamento estão entre os que facilitam acesso ao mercado | Foto: Tanac/Divulgação/CP/TVN

Problema maior do setor é o custo das certificações para atender as exigências internacionais

Com a promessa de aliar preservação ambiental e rentabilidade, o mercado de créditos de carbono desponta como uma nova fronteira para o agronegócio brasileiro. Enquanto aguarda a regulamentação da Lei 15.042, sancionada em dezembro de 2024, o setor já encontra oportunidades no mercado voluntário internacional de créditos de carbono, transformando a sustentabilidade em ativo financeiro.


O CEO da Eccaplan, Fernando Beltrame, empresa especializada em soluções sustentáveis, demonstra interesse em projetos no Rio Grande do Sul, com destaque para a agricultura regenerativa, como a olivicultura gaúcha. No entanto, ele ressalta que os produtores precisam se organizar financeiramente e atender critérios rigorosos. “Hoje, a principal barreira é o alto custo para produzir créditos de carbono. É necessário detalhar o projeto, implementar boas práticas, coletar dados, contratar uma auditoria independente, como a ABNT, para validar a metodologia e, só então, submeter os créditos aos mercados”, explica Beltrame.
Entre os programas de certificação mais reconhecidos para créditos de carbono Beltrame cita o Verra (VCS / Verified Carbon Standard), voltado para projetos de conservação ambiental, reflorestamento e energia renovável. No campo regulado, destaca-se o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), criado pelo Protocolo de Kyoto, da Organização das Nações Unidas (ONU), que certifica projetos de emissão de créditos de carbono.

Segundo o executivo, os custos para certificação variam entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão. Para tornar o processo mais acessível, a Eccaplan desenvolveu a Carbon Fair, a primeira plataforma brasileira de padrão de crédito de carbono, que reduz os investimentos para valores entre R$ 150 mil e R$ 200 mil. Beltrame destaca três critérios essenciais para a elaboração de projetos de créditos de carbono.

“O primeiro é comprovar a adicionalidade, ou seja, realizar ações que vão além das exigências legais, como ampliar a área de reserva florestal na propriedade”, destaca. O segundo é a utilização de metodologias validadas pela ONU, pelo governo brasileiro ou por instituições reconhecidas. Por fim, é fundamental garantir a viabilidade financeira do projeto. “Sem incentivos, a margem de lucro pode ser insuficiente ou até inviável”, esclarece.


Já Eduardo Baltar, CEO da Ecofinance Negócios, empresa de consultoria em ESG, enfatiza que o custo é um obstáculo especialmente para pequenos produtores no mercado voluntário de créditos de carbono. “Financeiramente, eles podem gastar mais do que obter retorno.

A solução é reunir propriedades, formando uma grande área conjunta”, sugeriu. Baltar também alerta para a importância de contratar empresas certificadoras com credibilidade.

“As empresas que compram créditos de carbono buscam certificações reconhecidas para evitar riscos”, diz.
A Ecofinance já realizou mais de 40 projetos aprovados, incluindo alguns no MDL da ONU, e comercializou mais de 15 milhões de créditos de carbono. No Rio Grande do Sul, a empresa desenvolveu iniciativas com diversas cooperativas agrícolas As iniciativas foram voltadas à geração de créditos de carbono e planos de mitigação de gases do efeito estufa.

A ONU não fará a venda dos créditos de carbono. “O dono do projeto pode levar para negociação em bolsa de valores”, finaliza.

Fonte: Correio do Povo

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