Clima – RS tem a maior tragédia de fenômeno natural de sua história, 37 mortes
Inmet alerta para mais chuvas volumosas nas próximas horas deste feriado de 7 de setembro
Foram registrados óbitos em 10 cidades, sendo o mais recente o de um bebê de oito meses, em Cruzeiro do Sul. Forças de segurança ainda procuram por nove desaparecidos
Os efeitos do evento climático que devastou cidades — provocando pelo menos 37 mortes, número atualizado até as 21h desta quarta-feira (6) pelo governo do Estado — castigam o Rio Grande do Sul, que permanece em alerta pela previsão da ocorrência de mais chuvas volumosas nos próximos dias. A quantidade de óbitos confirmados desde a segunda-feira (4) supera a maior tragédia natural das últimas quatro décadas no Estado, ocorrida em junho deste ano, quando 16 pessoas morreram após a passagem de um ciclone extratropical.
As vítimas são de Muçum (14), Roca Sales (9), Lajeado (3), Estrela (2), Ibiraiaras (2), Cruzeiro do Sul (3), Passo Fundo (1), Encantado (1), Mato Castelhano (1) e Santa Tereza (1). A atualização mais recente da Defesa Civil do Estado, divulgada às 18h30min desta quarta, antes de o governador Eduardo Leite informar sobre a 37ª vítima — um bebê de oito meses localizado em Cruzeiro do Sul — alterou a informação anterior, que dava conta de 15 óbitos em Muçum. Contudo, apontou que a cidade com maior quantidade de mortes é a única que ainda possui desaparecidos: nove pessoas (o número permanecia inalterado mesmo após a localização do bebê porque, segundo a Defesa Civil, ele não estava contabilizado entre os desaparecidos).
A divulgação ampliou de 67 para 79 os municípios atingidos. O balanço dá conta de que 2.319 pessoas estão desabrigadas e 3.575 pessoas permanecem desalojadas. São Sebastião do Caí é a cidade com maior número de afetados: mais de 21 mil.
Ao longo desta quarta-feira, moradores de municípios dos vales do Taquari e do Caí, regiões mais assoladas por enxurradas e inundações, buscavam reorganizar suas vidas em meio ao cenário observado à medida em que a água recuava.
Em cidades como Muçum e Roca Sales, a baixa das cheias que impactaram diretamente mais de 50 mil gaúchos e indiretamente mais de 2,7 milhões de pessoas evidenciava a dimensão da catástrofe. O recuo exibiu cenas semelhantes àquelas produzidas com a passagem de furações no hemisfério Norte, com amontoados de escombros e partes de construções espalhadas por onde antes havia bairros e propriedades rurais estruturados.
Sobrevoo de autoridades
Pela manhã, em sobrevoo pelas áreas atingidas, o governador Eduardo Leite e a representação do governo federal formada pelos ministros Waldez Góes, da Integração e Desenvolvimento Regional; Paulo Pimenta, da Comunicação Social; e por Wolnei Aparecido Wolff, secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, verificaram a dimensão dos estragos.
Depois de visualizarem, do alto, os municípios de Muçum, Roca Sales, Encantado, Arroio do Meio, Estrela e Lajeado, autoridades chegaram a qualificar o que viram como “cenário de guerra”.
A comitiva federal também assegurou incremento para a estrutura de busca e resgate, com o reforço de mais cinco aeronaves das forças nacionais, as quais se somarão aos sete helicópteros com os quais equipes trabalham desde o início das ações de socorro.
Cancelamento de eventos
Diante da elevação da perda de vidas e pela magnitude dos danos avistados e reportados pelas unidades de Defesa Civil dos municípios e do Estado, Leite decretou estado de calamidade pública e negociou o cancelamento das atividades relacionadas ao 7 de Setembro em todo o Estado, sob a constatação de que não há clima para festividades.
Na Capital, o prefeito Sebastião Melo cancelou as agendas previstas para a abertura da Semana Farroupilha e a prefeitura emitiu alerta para risco de enchente na região das Ilhas. Conforme a Defesa Civil de Porto Alegre, parte da cheia que assolou os vales do Taquari e do Caí deve desaguar no Rio Jacuí e chegar ao Guaíba entre esta quarta-feira (6) e sábado (9). O alerta também foi expedido para os municípios do Vale do Sinos.
Nesta quarta (6), a cheia do Jacuí ocasionava o resgate a dezenas de famílias em São Jerônimo e expandia o estado de alerta e prontidão das estruturas de Defesa Civil na Região Carbonífera.
Áreas de diversos municípios prosseguem incomunicáveis, tendo parte de seus habitantes sem abastecimento de água potável, energia elétrica e acesso a sinal de telefonia ou internet.
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