Clima – Confirmado sexta morte no Rio Grande do Sul

Muçum tem boa parte da cidade alagada Mateus Bruxel / Agencia RBS/Reprodução TV Nativoos

Uma mistura de ciclone, baixa pressão e umidade causaram chuva histórica no Estado

O governador Eduardo Leite, comunica que a vítima é uma mulher, moradora de Lajeado, no Vale do Taquari. Ela estava sendo resgatada pela BM, com um helicóptero, quando o cabo usado na operação se rompeu.

A vítima e o policial que a socorria caíram no Rio Taquari. A mulher acabou morrendo. O PM foi resgatado e, com muitos ferimentos, levado a um hospital.

“A gente lamenta profundamente, no esforço que está sendo feito para poder resgatar as pessoas, que este incidente nos faça ter mais uma perda de vida”, disse o governador, em vídeo enviado aos meios de comunicação.

Ciclone, baixa pressão e umidade: entenda o fenômeno que causou chuva histórica no RS

O grande volume de chuva que causou alagamentos e mortes em diferentes regiões do Rio Grande do Sul nos últimos dias não foi resultado apenas de um fenômeno climático, mas de uma combinação de fatores. Henrique Repinaldo, meteorologista do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (CPPMet/UFPel), explica que o evento começou ainda na sexta-feira (1º), com uma área de baixa pressão.

De acordo com o especialista, mesmo que seja normal para a região nesta época do ano, a baixa pressão favorece o aumento da umidade e a formação de nuvens. Além disso, ela foi intensificada por uma corrente de ar que traz umidade da região amazônica — também chamada de rios atmosféricos, justamente por transportar muita umidade pelo ar.

— Essa corrente acabou se direcionando ao norte do Estado e já começou a provocar precipitação. No sábado (2), parou, mas no domingo voltou a se intensificar e na segunda-feira (3) também. A corrente de umidade acaba alimentando diretamente a nuvem e, com a quantidade de nuvens sobre o Estado, isso ajudou a intensificar a área de baixa pressão, o que formou o ciclone e intensificou as precipitações — resume.

Assim, na segunda-feira, todos esses fatores estavam atuando sobre o território gaúcho. Repinaldo destaca que é preciso uma “receita de bolo” para a formação de nuvens e, por consequência, da tempestade: a parte dinâmica, que é a baixa pressão, mais a umidade e a instabilidade. Mas o volume excepcional de chuva, esclarece, foi impulsionado principalmente pelo grande aporte de umidade vindo da Amazônia.

Desde 1º de setembro, por exemplo, Passo Fundo acumulou 315mm de chuva, sendo que a média para todo o mês fica entre 140mm e 180mm. Outras cidades como Vacaria, Serafina Correa e Ijuí tiveram valores próximos de 300mm.

— É um conjunto de fatores: ciclone, área de baixa pressão e corrente de umidade. O ciclone intensifica o fluxo de umidade e o fluxo de umidade alimenta o ciclone. Eles são retroalimentados. Com o ciclone, não tivemos vento muito forte, foi mais em termos de chuva que provocou danos. Em quatro dias, choveu acima do esperado para o mês todo. E foi mais na metade norte do Estado — comenta o meteorologista.

À medida que o ciclone se afastou, impulsionou o ar frio para o Estado. Repinaldo também acrescenta que a situação provavelmente esteja associada ao El Niño, porque o fenômeno favorece que um maior aporte de umidade da região amazônica chegue ao Rio Grande do Sul.

Diversas estradas do Rio Grande do Sul seguem bloqueadas com as inundações e enchentes no Estado. Mais de 20 pontos estão interrompidos nas rodovias estaduais, e dez nas estradas federais. Na manhã desta terça-feira (5), a ponte sobre o Arroio Estrela da BR-386, em Estrela, teve o fluxo interrompido devido ao excesso de água no local.

Na região norte, três rodovias estão totalmente bloqueadas: RS-324, RS-129 e RS-132. Na RS-324 o bloqueio vai do km 233 a 227, o motivo é uma rachadura na ponte de acesso ao município de Vila Maria. Não há previsão de liberação até a vistoria dos engenheiros do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Na RS-129, o bloqueio é no km 168, entre Casca a São Domingos do Sul, também por rachadura na ponte. Na RS-132,o bloqueio é no km 3, entre Vila Maria e Camargo. 

Na Serra, na RS-448, entre Farroupilha e Nova Roma do Sul, a ponte de ferro sobre o Rio das Antas foi levada pelo rio. No Vale do Taquari pontes também foram levadas pela força das águas.

A BR-470 está totalmente interditada no km 104, entre Lagoa Vermelha e André da Rocha,  em função de água na água sobre a pista 

Na BR-285, há interdições no km 218, em Caseiros. O córrego que passa sob a rodovia transbordou. O trânsito está em meia pista em pare e siga, até o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) fazer uma melhor avaliação do local.

Em Carazinho, na BR 285, Km 332,  foi registrado uma queda de barreira chegando no acostamento. O asfalto começou a rachar e ceder, no entanto o trânsito ainda flui normalmente.

Confira os bloqueios:

  1. RS 132, km 03/ Vila Maria – Bloqueio total, pista submersa.
  2. RS 132, KM 06 ao 12/ Camargo – Aguardando análise
  3. RS 324, km 233 e 227/ Vila Maria – Rodovia bloqueio total, pista submersa.
  4. RS 129, Km 168/ entre Casca e São Domingos do Sul – Rodovia bloqueada em ambos os sentidos, pista submersa.
  5. RS 569, Km 28/ Barra Funda – Bloqueio total, pista submersa.
  6. RS 351, Km 09/ Serafina Corrêa – Bloqueio total, alagamento do Rio Carreteiro.
  7. RS 129, Km 50/ Colinas – Bloqueio total, Rio Taquari subindo.
  8. RS 129, Km 82/ Muçum – Bloqueio total, pista submersa.
  9. RS 129, Km 19/ Estrela – Bloqueio total, nível do Rio Taquari subindo.
  10. RS 129, Km 12/ Bom Retiro do Sul, nível do Rio Taquari subindo.
  11. RS 129, Km 67, 73 e 74/ Encantado – Bloqueio total, nível do Rio Taquari subindo.
  12. RS 332, Km 01 e 03/ Encantado – Bloqueio total, nível do Rio Taquari subindo.
  13. RS 130, Km 85/ Arroio do Meio – Bloqueio total, nível do Rio Taquari subindo.
  14. RS 130, Km 60/ Cruzeiro do Sul – Bloqueio total, nível do Rio Taquari subindo.
  15. RS 130, Km 93/ Encantado – Bloqueio total, nível do Rio Taquari subindo.
  16. RS 130, Km 30/ Venâncio Aires – Bloqueio total, nível do Rio Taquari subindo.
  17. RS 110 Km 69/ Bom Jesus – Bloqueio total, queda de barreira.
  18. RS 110, Km 81/ Jaquirana – Bloqueio total, deslizamento de encosta.
  19. RS 431, Km 13/ Bento Gonçalves – Bloqueio total, pista submersa.
  20. RS 431, Km 24 e 26/ São Valentim do Sul – Bloqueio total, ponte sobre Rio Taquari desabou.
  21. RS 351, Km 09/ Nova Bassano/ Serafina Corrêa – Bloqueio total, ponte submersa.
  22. RS 443, Km 12/ Protásio Alves – Bloqueio total, ponte submersa.
  23. RS 448, Km 23/ Nova Roma – Bloqueio total, ponte de ferro submersa.
  24. RS 434, Km 04/ entre Ciríaco e David Canabarro – Bloqueio parcial, pista submersa.
  25. RS 110, Km 74 e 79/ Jaquirana – Bloqueio parcial, deslizamento de encosta. Desvio do trânsito por dentro do município de Jaquirana.
  26. RS 122, Km 113/ Flores da Cunha – Bloqueio parcial, queda de barreira.

Pontos em observação:

  1. RS 030, KM 74/ Osório – Água na pista, trânsito fluindo.
  2. RS 020, KM 06/ Gravataí – Água na pista, trânsito fluindo.

Pista liberada:

RS 165, KM 08/São Luiz Gonzaga – Bloqueio total, pista submersa.

Fonte: Dados do Comando Rodoviário da Brigada Militar, atualizados nesta terça-feira (5) às 10h30min.

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