Caso Priscila: denunciados pelo MPRS são condenados a 45 anos de prisão por extorsão mediante sequestro e morte de enfermeira


Seis denunciados pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) foram condenados na segunda-feira, 31 de março, por extorsão majorada qualificada pela morte da enfermeira Priscila Ferreira Leonardi, 40 anos, ocorridos em 2023 em Alegrete. A promotora de Justiça Rochelle Jelinek foi a responsável por uma delação premiada, denúncia criminal e atuação no processo. A investigação contou com auxílio do Núcleo de Inteligência do MPRS (NIMP), responsável pela análise de todos os dados resultantes das quebras de sigilo bancário, telefônico e telemático solicitados pela Promotoria.

Na sentença do juiz Rafael Echevarria Borba, da Comarca, os seis réus foram condenados por extorsão majorada qualificada pela morte da vítima. Cinco receberam, cada um, penas de 45 anos de prisão, e um deles, que fez a primeira delação premiada da história de Alegrete, teve uma pena de 30 anos de reclusão, com a redução de 1/3 da pena em função da colaboração com a investigação acerca dos detalhes do crime e delação dos demais comparsas.

Entre os condenados, está o primo da enfermeira, apontado como mentor do crime, motivado pelo interesse em se apossar do dinheiro e dos bens da vítima. Três dos seis criminosos também foram condenados por ocultação de cadáver. Todos os réus deverão cumprir suas penas em regime inicial fechado.

ENTENDA O CASO

Em 2023, a enfermeira viajou da Irlanda para o Brasil com o objetivo de resolver pendências dos bens e valores do inventário de seu pai, mas acabou sequestrada e morta por um grupo do qual fazia parte um primo e integrantes de uma facção criminosa. Conforme a denúncia do MPRS, o primo da vítima acreditava que ela possuía grande quantia em dinheiro em suas contas bancárias e também tinha interesse em ficar com a casa do pai da enfermeira, onde ele residia, e planejou o crime com auxílio da facção, para sequestrar e extorquir Priscila.

O plano acabou dando errado e a enfermeira foi morta em junho de 2023, no cativeiro, durante o sequestro, sem ocorrer o saque do dinheiro das suas contas bancárias. O corpo da vítima foi encontrado às margens do Rio Ibirapuitã no dia 6 de julho, e a perícia concluiu que houve morte por espancamento e estrangulamento.

Em audiência judicial ocorrida em 25 de junho de 2024, uma das testemunhas do processo, já na fase judicial, revelou qual dos envolvidos teria matado Priscila. Ela não havia falado anteriormente por temer represálias da facção. A testemunha relatou que o acusado, que seria o responsável pela vigília da enfermeira no cativeiro, tentou estuprá-la e acabou matando-a.

MANIFESTAÇÃO DO MPRS

O MPRS destaca que foi um caso de extrema complexidade e dificuldade em desvendar os crimes, pois havia o envolvimento de uma organização criminosa que, como o próprio nome diz, “organizou” cada detalhe. Ainda, envolveu grande número de pessoas, o que acrescentou vários graus de dificuldade à investigação. Foi necessário o ajuizamento de dezenas de medidas cautelares pelo MPRS, incluindo busca e apreensão de celulares e documentos, busca e apreensão de vestígios no cativeiro, quebra de sigilo telefônico, telemático (de mensagens) e bancário de todos os envolvidos, para desvendar eventuais saques ou transferências e acessos às contas da vítima, bem como ligações e mensagens entre os comparsas.

Foi realizada pelo MPRS, ainda, uma colaboração premiada com um dos envolvidos, cuja delação foi fundamental para identificação de todos os envolvidos e da dinâmica dos crimes. Foi um dos casos mais complexos e de repercussão na cidade, e que resultou na sentença de 45 anos de prisão para os principais acusados.


EXTORSÃO MAJORADA QUALIFICADA: crime em que alguém força outra pessoa a fazer algo contra sua vontade, usando violência ou ameaças, para obter algum benefício econômico. Esse crime se torna mais grave (majorado) quando envolve situações específicas, como manter a vítima em cativeiro, uso de armas e participação de várias pessoas, circunstâncias que aumentam a pena aplicada.

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