Economia – Banco Central mantém a Selic em 13,75%, não indica queda em agosto e pede ‘paciência e serenidade’


As entidades empresarias do Brasil precisam se movimentar, Selic em 13,75, praticamente inviabiliza o setor de crédito Imobiliário, Automóveis…

O Banco Central manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% pela sétima vez seguida. O comunicado, no entanto, frustrou as expectativas por uma sinalização mais clara do Copom por um corte dos juros já na reunião de agosto. Embora os diretores do Banco tenha retirado do texto o risco de aumento da Selic, o BC pediu “paciência e serenidade na condução da política monetária”.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação desancoradas, segue demandando cautela e parcimônia. O Copom conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas e avalia que a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.”

A decisão desta quarta-feira confirma as expectativas do mercado financeiro e da própria equipe econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O foco de atenção está nas sinalizações da autarquia monetária para o início do ciclo de corte nos juros, projetado em agosto pelos agentes econômicos.

Para justificar a queda nos juros, o governo aponta para fatores como o impacto positivo do arcabouço fiscal nas expectativas de inflação, a perspectiva de controle das contas públicas, e os sinais de arrefecimento no nível de preços ao consumidor.

A inflação medida pelo IBGE está em 3,94% nos últimos 12 meses até maio e, neste cenário, fica dentro do intervalo de metas para 2023 – que vai de 3,25% a 4,75%. Porém, o Banco Central projeta crescimento no índice geral de preços no segundo semestre e está olhando para o núcleo da inflação, quando itens voláteis como energia e alimentação são retirados.

De um lado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e os diretores da autarquia, vêm reforçando que a decisão tem base técnica. De outro lado, o governo cobra redução da taxa básica de juros e ala política endossa críticas personalizadas à Campos Neto.

Classificação de risco

A decisão desta quarta-feira ocorre após o ministro Fernando Haddad cobrar a redução de juros, em possível cenário de melhora da classificação de risco no Brasil no mercado exterior.

Na última semana, a agência de classificação de risco S&P Global Ratings alterou a perspectiva do rating “BB-” do Brasil de estável para positiva. Foi a primeira avaliação favorável desde 2019.

A melhora, segundo a agência, foi possível a partir de sinais de maior certeza sobre a estabilidade da política fiscal e monetária.

Haddad, ao comentar o anúncio, disse que a revisão é fruto das medidas adotadas pelo governo em conjunto ao Congresso e o Poder Judiciário. Para o ministro, estaria “faltando o Banco Central se somar” aos esforços, em uma referência à expectativa pela queda da Selic.

Melhoras

Na semana da última decisão sobre juros, no mês passado, a inflação esperada pelos agentes de mercado era de 6,05% até o fim deste ano e a taxa de juros projetada era 12,50% até dezembro de 2023.

Já nesta semana, o nível de preços projetado é de 5,12% e juros de 12,25% no fim do ano. Ou seja, redução respectiva de 0,93 pontos e 0,25 pontos percentuais. Os dados são do Boletim Focus, que reúne cerca de 160 instituições financeiras.

A expectativa de cotação do dólar, da última decisão do Copom para esta agora, passou R$ 5,20 para R$ 5,00

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Fonte: Valor Economico e Banco Central