Audiência sobre nova ponte entre Imbé e Tramandaí recebeu mais de 400 pessoas
Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa realizou na noite desta quarta-feira,10, em Imbé audiência pública que tratou de possiveis impactos ambientais na pesca colaborativa com a construção de uma ponte binária entre os municípios de Imbé e Tramandaí. A audiência reuniu mais de 400 pessoas e foi conduzida pelo presidente da Comissão, deputado estadual Zé Nunes (PT). Brigada Militar, Guarda Municipal e integrantes da polícia legislativa da Assembleia garantiram a segurança e a ordem no evento.
O representante do Forum da Pesca do Litoral Norte Leandro Miranda foi o primeiro a se manifestar e falou da importância do debate e que não é contrário a ponte, mas que todos os estudos de impactos devem ser formalizados. Logo depois, o prefeito de Tramandaí, Luis Carlos Gauto da Silva fez uso da palavra e disse que as desavenças devem ser superadas. “O desenvolvimento passa pela mobilidade e devemos chegar a um consenso. A discussão está iniciando e temos a obrigação de preservar o meio ambiente, mas também pensar no crescimento. Temos a possibilidade de ter um grande porto em Arroio do Sal e isto impactará toda a região e uma nova ponte é necessária” disse o prefeito.
O professor da UFRGS André Baldraia iniciou sua fala perguntando: A quem serve uma nova ponte.? Ele fez um histórico de construção das pontes entre os dois municípios, a evolução dos municípios e o expressivo aumento populacional e da frota de veículos. Falou sobre a sazonalidade e que o debate vem há 15 anos. Disse que a localização da ponte deve seguir o menor prejuízo possíveis em todos os aspectos, como estruturas do trânsito com alargamentos de vias, relação do fluxo viário de Tramandaí e alterações no comercio. “Pode haver deslocamentos de comércio prejuízo. Pensar a localização leva em conta o impacto sócio ambiental e proteção aos botos. Para se mensurar os impactos e necessário estudos específicos”, falou Baldraia.
O presidente do Legislativo de Imbé, vereador Marcelino Teixeira disse que grandes projetos devem ter a participação das pessoas e não se pode deixar a decisão na mãos de poucos. Os dois municípios tem que saber o que é melhor para todos. Cassinele da Rocha, representante do Ceclimar disse que Universidade trabalha no sentido de pesquisar e juntar dados para serem aproveitados. O representante da Fepam Marco Rossone disse que a Fepam levará em consideração o melhor traçado respeitando meio ambiente. E que não há nenhum processo em andamento ou pedido de licenciamento ativo.
Athos Stern, representante da Associação Comunitária Imbé Braço Morto salientou ser necessária uma ampla discussão e estudos ambientais e de mobilidade urbana, conforme prevê o Estatuto das Cidades. ” Isto ainda não foi feito. Deve haver participação da sociedade em todo processo. Acho um erro não considerar a ponte atual.” Disse Stern que completou afirmando que a Associação é contrária a ponte na barra devido a impactos de urbanidade e tranquilidade aos moradores e que apoia uma nova ponte na localização atual ou sobre a Lagoa do Armazém
Silvio Luiz Donnineli, do Movimento Não a Ponte, salientou que poderá encaminhar documentação ao MP devido a supostas ilegalidades praticadas em todo o processo. “As razões que fundamentam nosso pedido é a não realização de audiências públicas o que torna sem efeito qualquer ato. Não levando em consideração possibilidade de reforma da ponte atual e estudo de mobilidade no entorno. O dano a pesca pode ser irreversível.” citou, dizendo ainda tratar se de uma insanidade a construção de uma ponte próximo a barra.
Houve manifestação da plateia onde foi colocada a questão do assoreamento do rio, a maioria dos inscritos mostrou-se favorável a um estudo aprofundado e que as questões legais sejam analisados. O empresário Ronaldo Michelon reclamou que entidades empresariais e imobiliárias não fizeram parte da mesa diretora. O professor do Ceclimar Inácio Moreno citou outras possibilidades como uma reforma nas atuais pontes e apresentou um documento da UFRGS sobre o assunto. O representante do Conselho Estadual de Cultura Ivan terra disse que a pesca colaborativa é cultura popular e que devemos fortalecer a cultura e o patrimônio imaterial que é o boto.
Por fim, o prefeito de Imbé, Luis Henrique Vedovato iniciou sua fala ressaltando a parceria com o Ceclimar no monitoramento do bagre e disse que hoje muitos pescadores são também empreendedores. O prefeito salientou que está focado em uma solução do problema. ” É uma oportunidade de termos uma travessia segura. Devemos resolver o problema na plenitude. As atuais estão deterioradas. São escoradas com madeira e o concreto apodrecendo, além disto as pontes atuais tem baixa capacidade de carga encarecendo o frete.” disse Vedovato.
O prefeito esclareceu alguns aspectos importantes no andamento de todo o processo e afirmou que no momento não há um projeto, apenas houve a contratação de uma empresa que apontou possíveis traçados e apresentou desenhos arquitetônicos dentro do estudo de viabilidade. “Não faremos nada que não seja bem pensado e bem planejado. Não existe um projeto e as audiências públicas que devem ser feitas, respeitando a legislação, e serão realizadas no momento oportuno. O projeto não foi feito e não há nenhum pedido de licenciamento junto à Fepam. Não faremos nenhum empreendimento sem os devidos estudos de impacto e agiremos sempre dentro da legalidade. Também contratamos empresa para viabilidade ambiental e após isto buscar licença ambiental para então contratar o projeto da ponte” . Esclareceu o prefeito.
Vedovato disse que o desenho “romântico” apresentado é uma mera sugestão. “Captamos recursos R$ 7, 5 milhões do governo federal e R$ 40 milhões do Estado. Estou apenas buscando uma solução para os problemas não tenho interesse nenhum de que o boto vá embora e ele é patrimônio da cidade. Quero dar condições de dignidade para os problemas. Vamos ainda debater muito mais sobre este assunto”. finalizou.
Sandro Sauer – DaPraia News