Tarifas de trump: Estados “Bolsonaristas” serão os mais afetados, mesmo com lista de isenções.

Tarifaço de Trump pode afetar Estados que mais apoiaram Bolsonaro e abala cenário político
O tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, oficializado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve atingir com mais força os Estados brasileiros que mais apoiaram Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial de 2022. A medida, que entra em vigor no próximo 6 de agosto, tem gerado repercussões políticas e econômicas no país.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), sete Estados foram responsáveis por mais de 80% das exportações brasileiras aos EUA em 2024: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Todos, com exceção de Minas Gerais, deram vitória a Bolsonaro em 2022.
Impacto ainda incerto, mas preocupante
Embora o impacto econômico total ainda não tenha sido calculado, setores estratégicos desses Estados podem ser fortemente afetados. Produtos como carne, frutas e café, amplamente exportados por regiões bolsonaristas, ficaram de fora da lista de exceções do decreto de Trump.
Ao todo, o decreto detalha 694 produtos brasileiros isentos das tarifas, incluindo petróleo, sucos, aviões, minerais, produtos energéticos, papel e celulose, alguns químicos e itens para aviação civil. No ano passado, o Brasil exportou cerca de US$ 40 bilhões aos EUA, sendo US$ 13,5 bilhões apenas de São Paulo.
Motivações políticas e críticas ao STF
Trump justificou a medida mencionando o tratamento dado pela Justiça brasileira ao ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tramar um golpe de Estado. Bolsonaro, por sua vez, insinuou nas redes sociais que sua anistia poderia evitar as tarifas.
Para analistas políticos, o gesto de Trump tem efeitos contraditórios. Carlos Pereira, cientista político da FGV, afirma que a medida buscava desgastar o Supremo Tribunal Federal e fortalecer a direita, mas acabou gerando efeito reverso:
“O tiro saiu pela culatra. Essa pode ser uma oportunidade de ouro para a direita se descolar de Bolsonaro.”
Governadores em posição delicada
Governadores de Estados diretamente afetados enfrentam pressão política e econômica. De um lado, evitam criticar o lobby da família Bolsonaro com Trump para não desagradar seus eleitores. De outro, precisam proteger os interesses econômicos locais.
Entre os que se pronunciaram estão Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG) e Ratinho Jr. (PR), que criticaram a falta de diálogo do governo federal com os EUA. Já Eduardo Leite (RS) foi mais direto, condenando a articulação da família Bolsonaro.
A cientista política e antropóloga Isabela Oliveira Kalil, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), destaca que:
“Os governadores dão sinais de que a lealdade às suas bases econômicas e ao agro pesa mais do que a fidelidade à família Bolsonaro.”
Reações no Congresso
Uma comitiva de senadores, incluindo ex-ministros bolsonaristas como Tereza Cristina (PP-MS) e Marcos Pontes (PL-SP), viajou aos EUA para tentar negociar uma reversão parcial das tarifas. A movimentação demonstra que, mesmo dentro da direita, há uma priorização das bases produtivas em detrimento da fidelidade política a Bolsonaro.
Conclusão
A imposição das tarifas por Donald Trump abriu uma nova frente de tensão no cenário político brasileiro. A medida atinge Estados bolsonaristas e setores aliados ao ex-presidente, provocando reações que podem reconfigurar o campo da direita brasileira. Governadores e parlamentares agora se veem entre a pressão eleitoral e a necessidade de preservar a economia local, enquanto o bolsonarismo enfrenta um de seus maiores testes de fidelidade e sobrevivência política.
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