Hugo Motta encerra o primeiro semestre na presidência da Câmarados Deputados criticado até por aliados, que questionam a confiabilidade dos acordos costuradospor ele, e alvo de denúncias sobre funcionários fantasmas.

Hugo Motta encerra semestre na Câmara sob críticas, denúncias e derrotas políticas
O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) termina o primeiro semestre como presidente da Câmara dos Deputados enfrentando críticas até mesmo de aliados, questionamentos sobre sua liderança e denúncias envolvendo funcionários fantasmas em seu gabinete. A gestão de Motta, marcada por incertezas e desconfianças, acumula insatisfações internas, inclusive entre integrantes do governo Lula (PT).
Eleito por um amplo acordo que envolveu partidos do PT ao PL, Motta não deixou claro, ao assumir, quais seriam as prioridades da sua presidência. Após meses sendo criticado pela falta de uma agenda própria, tentou marcar sua gestão criando um grupo de trabalho para discutir uma reforma administrativa. A medida, no entanto, não foi suficiente para conter as pressões.
Sua principal derrota veio na quarta-feira (16), quando o presidente Lula vetou o projeto de lei que previa o aumento do número de deputados de 513 para 531 — uma proposta articulada pessoalmente por Motta para evitar que seu estado, a Paraíba, perdesse cadeiras na Câmara. Segundo interlocutores próximos, o veto foi recebido com frustração pelo deputado, que chegou a ligar para a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) buscando explicações.
O desgaste político aumentou quando Motta decidiu pautar, de forma inesperada, um projeto que cria crédito subsidiado para o agronegócio com recursos do pré-sal, estimado em R$ 30 bilhões. O governo acusou quebra de acordo, já que negociava uma proposta menos onerosa aos cofres públicos. A medida foi classificada por aliados como uma “pauta-bomba”, prejudicando a imagem de equilíbrio fiscal que Motta vinha tentando construir.
Apesar das críticas, aliados minimizam os desgastes, alegando que o presidente da Câmara não sofreu derrotas em votações e conseguiu evitar o avanço do projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 — algo que irrita a ala bolsonarista da Casa. A oposição, por sua vez, acusa Motta de negociar acordos nos bastidores sem levar os projetos a votação e de quebrar compromissos em plenário.
Outro ponto sensível em sua gestão envolve a relação com o Supremo Tribunal Federal. Parlamentares da oposição o acusam de ser leniente diante do que consideram invasões às prerrogativas do Legislativo. Motta, no entanto, rebate afirmando que pautou o recurso que tenta suspender o processo criminal contra o deputado delegado Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Fora do campo político, o presidente da Câmara também enfrenta denúncias administrativas. Reportagem da Folha de S.Paulo revelou a presença de funcionárias fantasmas em seu gabinete, incluindo uma fisioterapeuta, uma assistente social e uma estudante de medicina que viveu em outro estado por seis meses. Apesar da gravidade das denúncias, o caso não foi debatido oficialmente em plenário. Apenas parlamentares do PSOL se manifestaram discretamente pelas redes sociais, pedindo explicações.
Ao final da sessão da última quarta-feira, Motta adotou um tom defensivo: “Peço desculpas àqueles a quem eu não consegui corresponder, mas podem ter certeza de uma coisa: eu durmo e acordo todos os dias buscando ser melhor e buscando estar à altura deste cargo tão honrado que é presidir a Câmara dos Deputados.”
Com informações da Folha de S. Paulo.
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