Nativoos Rural – Reunião dos produtores rurais do RS em Brasília termina em frustração

Aprosoja e Fetag-RS criticam insensibilidade técnica do Ministério da Fazenda para suspensão de prazo das dívidas
Frustração define o sentimento sobre a reunião entre o presidente da Associação dos Produtores de Soja no Rio Grande do Sul (Aprosoja), Ireneu Orth, com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, em Brasília. O dirigente integrou a comitiva gaúcha de representantes do setor produtivo que foi recebida na manhã desta terça-feira, dia 15, para tratar sobre o endividamento rural devido a sucessivos extremos climáticos.
“Para dizer a verdade, saí mais triste do que entrei (na reunião). Os contra-argumentos deles (os técnicos) sempre, para quem está de fora, dava a entender que estávamos chorando e reclamando demais. Mas o nosso pessoal começou a dizer a verdade”, afirmou, referindo-se aos integrantes da comitiva.
Conforme o dirigente da Aprosoja, os técnicos se baseiam nos números dos bancos, com baixa inadimplência no Rio Grande do Sul. “Mas nunca olharam a situação que está se avistando com as prestações que têm que ser pagas este ano e não há dinheiro pois não tem produção”, desabafou.
De acordo com Orth, no que depender dos técnicos não haverá qualquer tipo de auxílio para o produtor rural no Rio Grande do Sul. “A decisão vai ter que ser política”, antecipou, referindo-se ao PL 320/2025 de securitização das dívidas rurais, proposto pelo senador Luis Carlos Heinze (PP-RS). “A realidade do Rio Grande do Sul é diferente da dos números e das verdades que os técnicos têm”, enfatizou. O senador Hamilton Mourão (Republicanos) também participou do encontro.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, também manifestou desapontamento com a falta de definições para socorrer o agronegócio gaúcho.
“Saio daqui muito mais preocupado do que cheguei. Eles não entenderam a gravidade que está vivendo o Rio Grande do Sul com os agricultores e acham que vão resolver o problema com manual de crédito”, exclamou, acrescentando que, inicialmente, a agenda em Brasília era com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que cancelou pela segunda vez reunião com a comitiva gaúcha.
Conforme da Silva, as manifestações dos técnicos do ministério foram contrárias à suspensão do pagamento das dívidas por 120 dias, medida pleiteada pela comitiva.
“Não tem o que dizer aos produtores que vão vencer parcelas (em abril) apenas que não paguem, pois não tem outra forma. Hoje, o governo não está oferecendo outra saída. É ir ao banco e fazer o manual de crédito”, afirmou.
“Acham que sabem mais do que as entidades”, acrescentou, detalhando que quando retornar ao Rio Grande do Sul será debatido a retomada ou não dos protestos do setor. Integrante da comitiva, o produtor Lucas Scheffer alertou que, caso o governo não anuncie ajuda emergencial, o setor deve iniciar uma paralisação a partir do dia 15 de maio.
De concreto do encontro, o senador Luis Carlos Heinze detalhou que uma outra reunião está prevista para a próxima semana, com técnicos para afinar números sobre as perdas e um diagnóstico com o ministério da Fazenda, o ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e os bancos.
“Nós não superaremos a reunião com o Haddad sem esse alinhamento”, explicou, confirmando a agenda com o ministro no dia 23 de abril e que as resistências para as solicitações do setor gaúcho eram esperadas.
Fonte: Correio do Povo
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