South Summit – “As redes sociais estão quebradas e nós precisamos consertar”, afirma fundador do Orkut

Orkut Büyükkökten avalia que serviços atuais afastaram as pessoas do que realmente importa
“As redes sociais estão quebradas, e nós precisamos consertá-las”. Foi assim que Orkut Büyükkökten, criador da rede social que levava o seu primeiro nome, definiu o estado atual das redes sociais. A palestra encerrou o primeiro dia da South Summit 2025, em Porto Alegre, nesta quarta-feira, 9.
“As redes sociais nos afastaram do que realmente importa: a realidade simples e imperfeita de nossas vidas”. Orkut aponta que a experiência possibilitada pelas primeiras redes em seus primeiros anos de existência é completamente diferente da presente hoje. Para ele, as redes passaram de um lugar de conexões online entre amigos, para mais um lugar para consumir.
Os botões de like e compartilhamento introduzidos por redes como Facebook e Twitter são apontadas por ele como o ponto inicial da mudança no tipo de conexão presente nas redes. Estes mecanismos, criados com a intenção de facilitar e catalisar as interações, acabaram por nos deixar obcecados por eles. “A conexão foi substituída pelo espetáculo”.
Para Orkut, esta espetacularização se cristaliza nos momentos em que as emoções se tornaram pretexto para atingir likes. “Transformamos a atenção na moeda da vida social. Os usuários ganharam o poder de influenciar os outros. Como consequência inesperada, conexões autênticas e significativas deixaram de ter importância”, destaca.
Redes sociais mudaram a forma como as pessoas amam
“Amor era algo simples e difícil de encontrar”, afirma, apontando que os algoritmos das redes tornaram tudo mais complicado. Orkut apresentou um estudo que indica que apenas 15% dos usuários de apps de namoro, em geral os que mais se adequam aos padrões de beleza da sociedade em que estão, recebem alguma atenção; Os outros 85% são completamente ignorados.
Ele aponta uma relação entre este número e o presente em outro estudo, que mostra como, hoje, 25% dos estadunidenses afirma se sentir sozinho com frequência. Em 2003, antes da maioria das redes que conhecemos existirem, este número era de apenas 8%. Esse paradoxo de estar sempre conectado, e ao mesmo tempo sozinho, é apontado por ele como um dos principais problemas do nosso tempo. “Não é só um sentimento ruim, a solidão aumenta diversos riscos de saúde como ataque cardíaco”, destacou.
Futuro das redes
“Como podemos criar conexões que completem a alma de verdade?”, questionou. Para ele, a solução é pensar as conexões das redes sociais com os mesmo critérios de uma conversa faca a face: “a conexão analógica é difícil, porque demanda nosso 100% de atenção e presença. Neste tipo de interação, há o que perder. Por isso elas são assustadoras”, afirmou.
Diferente de uma mensagem de texto, que pode ser facilmente ignorada, é preciso que tratemos as redes como uma extensão das nossas interações comuns. “Por isso as pessoas são mais negativas e extremas online: não há nada a perder”, desctacou.
Por fim, recomendou que pensemos como agimos quando estávamos começando a usar as redes, na década passada, quando as interações eram mais simples e próximas das reais. “O que mais me lembro do Orkut.com é como as pessoas usavam a plataforma para fazer novos amigos online e encontrar romance e amigos no mundo real”.
Fonte: Jornal Correio do Povo
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