Trump escolhe J.D. Vance como seu vice

Foto: Marco Bello/Rebecca Cook/Reuters

A segunda-feira foi dia de Donald Trump, que já estava no centro das atenções desde o atentado de que escapou no sábado. Além de ter visto encerrado um dos mais sérios processos contra ele, teve a candidatura formalizada logo no primeiro dia da convenção do Partido Republicano e ainda anunciou seu companheiro de chapa, um senador jovem, popular e ideologicamente alinhado com ele. Trump usou a própria rede, a Truth Social, para anunciar que seu vice será J.D. Vance. Aos 39 anos e em seu primeiro mandato no Senado, Vance já era conhecido como advogado de empresas e investidor do ramo de tecnologia, mas se tornou uma celebridade em 2016 com a autobiografia Hillbilly Elegy (lançada no Brasil com o título Era Uma Vez Um Sonho), onde narra a infância e a adolescência no Rust Belt, os hoje decadentes estados industriais dos EUA. Como muitos colegas de partido, Vance foi crítico a Trump em 2016, mas aderiu rapidamente ao governo e contou com o apoio do presidente para conquistar a cadeira no Senado em 2020. (ABCNews)

Aliás… Vance foi, junto com outros expoentes da “nova direita americana”, tema de artigo de Pedro Doria para uma Edição de Sábado cá deste Meio. Excepcionalmente, o texto está aberto para leitura a todos os assinantes. (Meio)

J.D., como também é chamado, não era a primeira opção de Trump. Ele imaginava que Doug Burgum, até recentemente o governador amplamente desconhecido da Dakota do Norte, seria o vice ideal porque nunca ameaçaria ofuscá-lo. Mas o republicano acabou sendo convencido por seus filhos Donald Jr. e Eric a mudar de ideia. Trump ligou para Vance com a notícia vinte minutos antes de anunciá-la em sua rede social. (NBC News)

A reação dos democratas foi imediata. Perguntado por repórteres sobre o que achava da escolha, Joe Biden disse que Vance é um “clone de Trump”. Aliados do presidente o chamaram de “extremista” pela sua tentativa de culpar o discurso dos democratas pelo atentado na Pensilvânia. Por outro lado, Kamala Harris ligou para Vance e o parabenizou. Há um convite da CBS, já aceito por ela, para um debate entre os vices no dia 13 de agosto. (New York Times)

Mas as boas notícias para o ex-presidente começaram cedo. A juíza federal Aileen Cannon, nomeada por ele mesmo na Flórida, anulou o processo a que ele respondia por ter retirado da Casa Branca documentos confidenciais ao fim de seu mandato. Na decisão (íntegra), Cannon argumentou que a nomeação do procurador especial que abriu a investigação, Jack Smith, teria violado a Constituição por ele não ter sido indicado ao cargo pelo presidente nem confirmado pelo Senado. A tese vai contra jurisprudências estabelecidas desde os anos 1970, e essa não é a primeira decisão controversa da juíza em favor do republicano. Haverá recurso. (New York Times)

O ex-presidente falou pela primeira vez sobre o atentado em entrevista a dois jornais conservadores durante a viagem para Milwaukee, no Wisconsin, onde acontece a convenção republicana. E ensaiou uma nova postura. Ele disse que “deveria estar morto” e que isso não aconteceu por milagre. Revelou a intenção de baixar o tom agressivo da campanha em seu discurso no encerramento da convenção, na quinta-feira. “Eu tinha preparado um discurso brutal a respeito da administração corrupta e horrível [de Joe Biden]”, disse. “Mas o joguei fora.” Ele pretende “unir o país” em sua nova fala, mas admite não saber se isso é possível, pois “as pessoas estão muito divididas”. Trump elogiou o telefonema que recebeu do presidente dizendo que a conversa foi “ótima” e que o democrata foi “muito gentil”. (New York Post e Washington Examiner)

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