Clima – Análise aponta que solo do Rio Grande do Sul está saturado de umidade: ‘esponja completamente encharcada’, diz pesquisador
‘Se Porto Alegre estivesse com o solo seco, essa água já teria infiltrado no subsolo’, afirma o pesquisador Humberto Barbosa, coordenador do Lapis/Ufal.
O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) publicou nesta sexta-feira (24) um mapeamento que mostra que o solo do Rio Grande do Sul está saturado de umidade
A umidade do solo é calculada medindo-se a quantidade de água presente no solo em relação ao volume total do solo e água. Essa medida é expressa como uma razão, por exemplo, m³ de água por m³ de solo (ou cm³/cm³). Sensores específicos são usados para determinar essa proporção e quanto mais próximo de 1, ou 100%, quer dizer que o solo está saturado porque todo o substrato está preenchido com água.
Castigado pelas chuvas intensas dos últimos dias, na última segunda-feira (20), o estado tinha diversas áreas com a taxa de umidade do solo justamente no limite de saturação, em torno de 1 cm³/cm³ (áreas com azul mais intenso no mapa).
O professor Humberto Barbosa, coordenador do Lapis, explica que, nessas áreas, isso significa que o solo já não consegue mais absorver água, fazendo com que toda a água da chuva escoe superficialmente, aumentando o risco de inundações.
“Quando o solo está muito úmido, sua capacidade de absorver mais água, como faria uma esponja, diminui. Isso acontece porque o solo já está saturado; ele não está apenas úmido, mas atingiu seu limite de saturação, como uma esponja completamente encharcada”, diz o pesquisador.
No mapa, também é possível ver que algumas áreas no extremo sudoeste do Rio Grande do Sul estão em uma condição mais favorável, com menor umidade do solo em comparação à região centro-leste do estado.
Barbosa diz que nesses casos, o mapeamento baseado em dados do satélite SMAP (Soil Moisture Active Passive – Umidade do Solo Passiva e Ativa) mostra que o solo seco tem a capacidade de absorver essa água.
“Se Porto Alegre estivesse com o solo seco, essa água já teria percolado, ou seja, teria infiltrado no subsolo, alimentando o lençol freático com a água que vem da superfície”, destaca o pesquisador.
Na última sexta (23), porém, a chuva retorno com força na capital gaúcha. Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o volume de chuva em 15 horas ultrapassou os 100 milímetros na Zona Sul da capital.
Em alguns bairros, a água subiu pelos bueiros, alagando regiões que ainda não tinham sido afetadas. O diretor do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE), Maurício Loss, negou que tenha ocorrido um “colapso” no sistema de drenagem na cidade.
Segundo Loss, o barro levado pelas cheias das últimas semanas secou, trancando as galerias pluviais, que funcionam no escoamento da água da chuva.
O órgão ainda afirma que o elevado volume de chuva, o acúmulo de lixo nas ruas e redes pluviais e restrições no funcionamento de casas de bombeamento – apenas 10 das 23 estações estão funcionando, segundo Loss – prejudicaram a saída da água, provocando o transborde.
Previsão de mais chuvas
Depois de um mês com a atuação de mais uma onda de calor no Brasil, o país deve registrar temperaturas abaixo da média nos próximos dias. Segundo a Climatempo, uma nova e forte frente fria deve avançar pelo país a partir desta sexta-feira (24), trazendo chuva e frio principalmente para os estados do Centro-Sul.
Com a passagem dessa nova frente fria pelo país, as chuvas retornaram ao Sul. Nesta sexta, o tempo deve ficar muito instável no estado, com expectativa de chuva para toda a região.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alerta para a possibilidade de acumulados de até 100 milímetros de chuva no norte do Rio Grande do Sul, Paraná e boa parte de Santa Catarina. Os ventos podem chegar até 100 km/h nessas regiões.
As tempestades previstas para esses locais foram classificadas pelo Inmet em um aviso meteorológico laranja, que qualifica o evento como de “perigo”.
De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), há possibilidade muito alta de novas enchentes nas mesorregiões Sudeste Rio-grandense e Metropolitana de Porto Alegre.
Nos municípios banhados pelas Lagoa dos Patos, os acumulados podem chegar a 150 milímetros de chuva até o final desta sexta. A situação é preocupante, segundo o órgão, se considerado o nível elevado dos rios da região.
As novas chuvas podem agravar as condições na cidade de Porte Alegre, onde o nível do Lago Guaíba segue alto, apesar da baixa dos últimos dias. Os temporais podem contribuir para uma nova elevação da água no local.
O órgão também alerta para a possibilidade de deslizamentos nessas regiões. O risco é alto para eventos geológicos nas regiões Metropolitana de Porto Alegre e Nordeste Rio-grandense, especialmente na Serra Gaúcha.
O alerta considera a condição de saturação do solo e aponta para o risco de novos deslizamentos em encostas urbanas e quedas de barreiras na margem de estradas.
Fonte: Globo.com
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