Saúde – Hospital de Tramandaí suspende atendimento obstetrício por tempo indeterminado

Foto: Fabiano do Amaral / CP Memória/Reprodução TV Nativoos

Alegando falta de condições de trabalho, médicos do Hospital Tramandaí iniciam paralisação

Médicos que atuam no Hospital Tramandaí iniciaram nesta segunda-feira uma paralisação em busca de melhores condições de trabalho e pagamento de valores devidos pela instituição aos profissionais. Como consequência, a direção da casa de saúde suspendeu por tempo indeterminado o atendimento do Centro Obstétrico e Serviço de Obstetrícia.

O Hospital Tramandaí é referência para 75 mil pessoas no litoral Norte, incluindo Tramandaí, Balneário Pinhal, Imbé e Cidreira. Pelo menos 40 profissionais prestam serviços para a instituição.

Em comunicado divulgado no fim de semana, a Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV), responsável pela administração, anunciou a decisão, alegando escassez de recursos. Destacou ainda que a unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal continuará funcionando normalmente.

A nota, assinada pelo diretor técnico do hospital, Diego Caldieraro Morales, pede que “não sejam encaminhadas gestantes” e solicita auxílio do governo estadual para a pronta transferência das pacientes lá internadas. Havia 10 gestantes em atendimento até a véspera da interrupção dos serviços. “Temos aumento de preços em instrumentos médicos, no valor das horas dos profissionais, sem mudança no orçamento”, defende o gestor.

Sindicato Médico afirma que dificuldades enfrentadas por profissionais “vêm de longa data”

Conforme o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), os médicos do centro obstétrico eram contratados pela Fundação Hospitalar Getúlio Vargas de forma terceirizada. Como o contrato acabou no fim de semana e não houve renovação, os profissionais deixaram seus postos. Ocorreu tentativa de recontratação, porém a categoria exige o pagamento de valores atrasados e melhorias nas condições de trabalho.

Após assembleia com a categoria, o Simers encaminhou, no fim da semana passada, ofício à (FHGV), ao Ministério Público, prefeitura de Tramandaí e 18ª Coordenadoria estadual de Saúde relatando o que considera precariedade vivenciada pelos mais de 40 profissionais que atuam na instituição. “As dificuldades têm sido alteradas por médicos há bastante tempo, iniciou com problemas de pagamento, com uma empresa que não repassava adequadamente (pagamentos) aos médicos”, afirma Marcelo Matias, que integra o núcleo de obstetrícia do Simers.

A diretora do Simers, Gabriela Schuster, explica que a decisão foi tomada pelos médicos em Assembleia Geral Extraordinária, após reuniões com a FHGV para apresentar as demandas dos obstetras, que vão desde atrasos nas remunerações até a falta de materiais, insumos e medicamentos. “Todo mundo acaba sendo prejudicado com a falta de condições mínimas de trabalho, não só os profissionais.

De acordo com o diretor do hospital, Diego Caldieraro Morales, já existe outra empresa terceirizada pronta para assumir, mas diante do fato de que os profissionais não aceitam retornar antes de terem as reivindicações atendidas, não há alternativa no momento a não ser manter o serviço suspenso.

Reunião termina sem acordo

Na tarde desta segunda-feira, uma reunião entre equipe diretiva do Hospital Tramandaí, do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) e profissionais do setor de obstetrícia não avançou na tentativa de resolver o impasse. A gestão da casa de saúde teria oferecido, segundo o sindicato, novos contratos com salários menores dos que eram pagos até 31 de março. Os médicos não aceitam redução de valores, exigem o pagamento de valores atrasados, além de insumos adequados ao exercício das atividades.

“Não existe solução sem que haja uma tomada de decisão e investimento. Não existe como os colegas atenderem sem a mínima condição de fazer um procedimento cirúrgico, sem materiais adequados”, defende Marcelo Matias.

População deve buscar outros hospitais da região

Até que uma solução seja encontrada, outros hospitais da região com serviços de obstetrícia da região serão indicados às pacientes como o Hospital São Vicente de Paulo, em Osório, e o Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres.

Fonte: Jornal Correio do Povo

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