Golpe na democracia de 1964, que isso não se repita nunca mais no Brasil!
Tomada do poder por militares no Brasil completa 60 anos em 31 de março
O golpe militar de 1964 no Brasil foi um movimento liderado pelas Forças Armadas que resultou na deposição do presidente João Goulart e na instalação de um regime autoritário no país. O golpe ocorreu como resposta às tensões políticas e sociais existentes na época, incluindo a polarização entre grupos de esquerda e direita, a crise econômica e as preocupações com o comunismo.
Os militares alegaram agir em defesa da ordem e da democracia, porém, logo após o golpe, suspenderam as liberdades civis, fecharam o Congresso Nacional, destituíram governadores estaduais e prefeitos eleitos democraticamente e perseguiram opositores políticos. A partir desse momento, iniciou-se um período conhecido como Ditadura Militar no Brasil.
Durante os 21 anos de regime militar (1964-1985), houve censura à imprensa, repressão política, tortura e violações dos direitos humanos. O governo militar promoveu uma série de reformas econômicas neoliberais que favoreceram grandes empresas nacionais e multinacionais em detrimento dos trabalhadores.
A resistência ao regime cresceu ao longo dos anos, com movimentos estudantis, sindicatos e organizações políticas se levantando contra a ditadura. A luta pela redemocratização ganhou força na década de 1980 até culminar com a promulgação da Constituição de 1988.
A redemocratização veio em 1985, e, desde então, o momento de maior instabilidade institucional no país ocorreu entre 2022 e o começo de 2023, das vésperas da eleição presidencial até logo após a posse do eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foram mais de dois meses em que apoiadores do presidente derrotado na tentativa de reeleição, Jair Bolsonaro (PL), tentaram impedir Lula de assumir e conduzir o governo.
A crise de 1964 na verdade começa no final de 1960, quando o Brasil elege Jânio Quadros (coligação PTN-UDN) para presidente. Ele tinha uma plataforma de matizes conservadores, cujo símbolo era uma vassoura, com a qual prometia “varrer a corrupção getulista”. Acontece que seu vice era o trabalhista e getulista Jango (PTB). Essa contradição ideológica acontecia porque presidente e vice eram votados separadamente, o que levou ao poder dois homens com plataformas quase antagônicas.
Ainda em 1961 ocorreu um impasse, porque Jânio renunciou ao cargo (supostamente, porque pretendia retornar nos braços do povo, com mais poderes). No vácuo institucional, militares anticomunistas tentaram impedir que Jango assumisse.
O político petebista estava em viagem à China e só conseguiu retornar ao Brasil para assumir graças a seu cunhado, o então governador gaúcho Leonel Brizola (PTB), que liderou o Movimento pela Legalidade (convocando e concentrando multidões para impedir um golpe de Estado).
Deu certo, mas o janguismo acabou governando com minoria parlamentar (depois que a maior parte do PSD getulista ingressou na oposição) e contrariedade de grande parte do empresariado.
Marco Antônio Villa considera que não havia nenhuma ideia de implantar socialismo ou comunismo por parte do governo:
— Isso é delírio, mas era o fantasma da época. Assim como o Jango nunca foi comunista e o Brizola nunca foi comunista. Isso aí é líquido e certo. Eram nacionalistas.
O cenário pré-1964 era de radicalismo ideológico, espelhado na Guerra Fria que antagonizava o capitalismo norte-americano e os partidos comunistas de inspiração russa ou chinesa.
A esquerda, no Brasil, estava abrigada na Frente Parlamentar Nacionalista (FPN), que reunia partidos Trabalhista, Socialista, os comunistas (na clandestinidade) e tinha apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT). A maior liderança era Brizola, que a partir de 1963 tornou-se deputado federal pelo Rio de Janeiro.
No Sul, Brizola contava com o apoio do Grupo dos 11, célula de civis que apoiavam o trabalhismo e se mostravam até dispostos a pegar em armas. Mais de 58 mil pessoas teriam aderido a esses pelotões, que jamais chegaram a atuar, porque foram sufocados pelos militares a partir de 31 de março.
Já a direita estava aglutinada em torno da União Democrática Nacional (UDN, partido antigetulista), de parte do PSD getulista, do Partido Libertador (PL, maragato) e de entidades como o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad), o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), a Organização Paranaense Anticomunista (Opac), além da Escola Superior de Guerra (ESG), das Forças Armadas.
O militar e historiador Caminha Giorgis lembra que alguns generais faziam a ponte das Forças Armadas com o empresariado contrário a Jango. Um dos líderes do Ipes era o general da reserva Golbery do Couto e Silva, veterano da II Guerra Mundial. No Ibad, pessoa de ligação com as Forças Armadas era o general reformado Sebastião Dalísio Menna Barreto. Na ESG, foi importante organizador o general Affonso de Albuquerque Lima, também veterano da Força Expedicionária Brasileira.
– O complexo Ibad/Ipes obteve apoio de governadores de São Paulo, Minas, Paraná, Rio Grande do Sul e Guanabara. Isso era decisivo do ponto de vista político e até militar, já que os governos estaduais dispunham de tropas profissionais mais numerosas e melhor equipadas para intervenções diretas do que as Forças Armadas – ressalta o coronel Caminha.
Novamente o Brasil discute sem fundamento, a questão do “Comunismo”, a grande maioria do povo nunca leu nada sobre como funciona e como se implementa um regime comunista, com isso políticos só interessados em poder conseguem amedrontar uma grande parte da população e por um detalhe o Brasil hoje não teve um novo golpe militar.
As pessoas precisam ler mais a própria história do Brasil, os militares quando deixaram o poder, nosso Brasil estava quebrado com uma divida enorme com o FMI, tinha uma mega inflação, mas isso os apaixonados por um determinado líder político acabam esquecendo e muitos nunca viveram num país quebrado, por isso vão para as ruas pedir golpe militar.
O golpe militar deixou marcas profundas na história brasileira. Até hoje há debates acerca das responsabilidades pelos abusos cometidos durante esse período e sobre como lidar com seu legado.
Fontes: Jornal Correio do Povo e Jornal Zero Hora