Economia – Austin Rating afirma melhora no ambiente fiscal e eleva perspectiva do Brasil para positiva
Sinais mais positivos na confiança empresarial e dos consumidores e a perspectiva de arrefecimento da inflação também pesaram na decisão da agência.
A Austin Rating informou nesta sexta-feira (28) que alterou a perspectiva de rating (nota de crédito) soberano do Brasil de estável para positiva em moeda local, reafirmando o rating do país em BB+. A classificação positiva para o país nessa categoria não acontecia desde janeiro de 2020.
O rating de crédito soberano reflete a capacidade do país de honrar seus compromissos financeiros. Em moeda estrangeira, a agência manteve a perspectiva como estável, também com nota em BB+.
Estamos a um degrau para voltar a atingir o grau de investimento para o Brasil. É uma questão de tempo para que os fundamentos da política monetária, equilíbrio fiscal e a retomada da confiança do consumidor e indústria se consolidem para essa conquista
— Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating
Segundo a agência, a mudança da perspectiva em moeda local refletiu a melhora do ambiente fiscal doméstico em meio à aprovação do novo arcabouço fiscal, “que prevê a retomada do equilíbrio das contas públicas já a partir de 2024.”
“Além disso, também pesou na decisão do Comitê de Risco desta agência, o quadro recente de melhora dos indicadores antecedentes, como, por exemplo, índice de confiança empresarial, industrial e dos consumidores, bem como as recorrentes revisões para cima das projeções de crescimento do PIB”, afirmou a Austin Rating em comunicado.
A agência ainda disse enxergar resultados melhores do que o esperado no mercado de trabalho, com contínua expansão do emprego e da renda e ponderou que os índices de preços ao consumidor e ao atacado já têm pressionado por revisões para baixo nas estimativas de inflação.
“Nesse contexto, as perspectivas para a execução da política monetária concentram-se no início do processo de afrouxamento, ou seja, redução contínua da taxa de juros básica nacional (taxa Selic), estimulando e fortalecendo o PIB pela ótica da demanda, seja por meio dos investimentos (FBCF) ou pelo consumo das famílias”, acrescenta a Austin Rating.
Ainda na avaliação da agência, o Banco Central do Brasil conseguiu cumprir com o objetivo de reduzir a pressão inflacionária no país e colocar o nível de preços em convergência com as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
“A expectativa é que a taxa de juros básica entre em processo de redução neste segundo semestre de 2023, restabelecendo os canais de crédito e fomentando a retomada do consumo e dos investimentos no setor produtivo”, diz o relatório.
A Austin Rating também afirmou que apesar da melhora “relativa e moderada das perspectivas e fundamentos do Brasil”, considera como fatores importantes e positivos a retomada do processo de concessões de serviços públicos, em particular aqueles relacionados à mobilidade e infraestrutura logística.
“Tal ação do governo federal reflete no potencial ganho de competitividade dos setores industrial e exportador, e seus desdobramentos quanto as contribuições diretas sobre a dinâmica macroeconômica do país”, reitera.
Por fim, a agência ainda que houve melhoras em relação às contas externas, que afeta diretamente a classificação de risco em moeda estrangeira, e destacou a importância do ambiente político para a consolidação de um “ambiente fiscal austero” a partir da aprovação das reformas estruturantes.
“Esses são fatores que contribuem de forma positiva para o processo de revisão do rating soberano da República Federativa do Brasil e, da mesma forma, tal processo de avaliação se apoia em fatores estruturais que condicionam o desempenho da economia e sua capacidade de honrar seus compromissos fiscais e financeiros no longo prazo”, diz a nota.
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