Morre o ator gaúcho Sérgio Etchichury

Sérgio Etchichury atuou em diversos grupos teatrais gaúchos Alex Ramirez / Arquivo pessoal

Conhecido nome do teatro local, artista morava na Alemanha desde 2009

O ator e diretor gaúcho Sérgio Etchichury morreu na manhã desta quinta-feira (20), em Berlim, na Alemanha. O artista tinha 62 anos e sofreu uma dissecção de aorta em casa. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu.

Conforme informações da amiga e vizinha Mirah Laline, Etchichury não apresentava nenhum problema de saúde anterior, mas vinha se queixando de dor nas costas e cansaço nos últimos dias. 

O corpo do artista será velado e cremado em Berlim. Ele deixa o marido, Loivo de Castro.

Trajetória no teatro

Natural de Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, Etchichury atuou em diversos grupos teatrais gaúchos, como Terreira da Tribo, Cia. Stravaganza, Cia. Rústica e Depósito de Teatro. Em 1999, conquistou o Troféu Açorianos de melhor ator pela atuação em Boca de Ouro, montagem para o texto de Nelson Rodrigues com direção de Roberto Oliveira.

Ainda na quarta (19), o gaúcho estava ensaiando sua nova peça em Berlim. Ele estava dirigindo, com Uriara Maciel, Einreisepass für Kunst (Um passaporte para a Arte, em tradução livre), que contava com 11 artistas imigrantes de diversos Estados do Brasil que vivem na Alemanha. O espetáculo tinha como objetivo abordar a decolonialidade e a imigração sob uma perspectiva queer.

Morando desde 2009 em Berlim, Etchichury levou o sotaque gaúcho para os palcos alemães. Em junho, ele codirigiu, ao lado de Mirah, o espetáculo infantil Die magische Schatzsuche (A mágica caça ao tesouro, em tradução livre), um projeto com crianças refugiadas moradoras do lar para AWO Marie Schleihaus.

— Ficamos um ano ensaiando com as crianças. Serginho construiu nos últimos anos aqui em Berlim uma exitosa carreira como teatro pedagogo. Ele tinha um trabalho voltado ao engajamento social, questões de imigração, racismo e diversidade de gênero — contou Mirah, que também é diretora de teatro.

Parceiro e amigo

Dono de um humor ácido e sarcástico, Etchichury sempre esteve de braços abertos para a vida e a arte. Rodeado de amigos, adorava a vida boêmia e tinha a parceria como uma de suas qualidades, destacam pessoas próximas.

Para a diretora de teatro Patrícia Fagundes, que o conhecia desde a década de 1990, a risada era a marca registrada de Etchichury. Os dois trabalharam juntos como oficineiros na Descentralização da Cultura, um projeto da prefeitura de Porto Alegre, e também estiveram juntos na abertura do Depósito de Teatro. Beijo no Asfalto, Macbeth e Sonho de Uma Noite de Verão estão entre alguns dos muitos espetáculos em que foram colegas.

— O Serginho tinha uma risada maravilhosa. Muito forte, bonita e que sempre esteve presente com ele. Teve um curso que a gente fez e ele não entendia direito o que o professor dizia. Tinha um código que era toda vez que ele falasse “fogo” tu tinha que sair de cena porque está ruim o teu improviso. Ele não entendeu a instrução e toda vez que ouvia fogo gargalhava no palco. O professor achou o máximo e começou a dizer cada vez mais — lembra Patrícia.

Conforme ela, amigos e colegas de cena de Etchichury irão se reunir no espaço Zona Cultural, em Porto Alegre, para celebrar a vida e a arte do artista. A homenagem está prevista para o dia 30 de julho, às 17h30min.

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Fonte |GZH