Passo Fundo – UPF tem a melhor dissertação em estudos linguísticos do Brasil


Trabalho do acadêmico Alexandre Lunardi Testa, do Programa de Pós-Graduação em Letras recebeu o prêmio “Luiz Antônio Marcuschi” de Teses e Dissertações da ANPOLL

O Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade de Passo Fundo (PPGL/UPF) foi o grande vencedor do prêmio “Luiz Antônio Marcuschi” de Teses e Dissertações da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL). A dissertação “As máquinas e a língua: um debate entre a inteligência artificial de Turing e a enunciação de Benveniste”, escrita pelo estudante Alexandre Lunardi Testa, sob orientação da professora Dra. Claudia Stumpf Toldo Oudeste, conquistou o 1º lugar no prêmio que tem como objetivo reconhecer o mérito de trabalhos acadêmicos de estudos linguísticos.

O trabalho de Alexandre foi escolhido entre 32 finalistas. A divulgação foi realizada na última semana, durante o Encontro Nacional da ANPOLL, no Rio de Janeiro. O Prêmio de Teses e Dissertações da ANPOLL recebe o nome de Luiz Antônio Marcuschi como uma homenagem ao professor e pesquisador brasileiro, falecido em 2016, que ao longo de sua vida contribuiu para o desenvolvimento dos estudos linguísticos no Brasil, assim como para o próprio desenvolvimento científico e cultural do país.

O que foi pesquisado
A pesquisa de Alexandre, que atualmente é doutorando do PPGL, tratou de uma discussão antiga na relação entre linguagem e inteligência artificial. A partir da concepção de Alan Turing acerca da Inteligência Artificial, o aluno buscou contrapor a proposta com aspectos linguísticos abstraídos das reflexões sobre língua em Émile Benveniste, especialmente a partir de um percurso de distinção entre os domínios semiótico e semântico para atingir a concepção enunciativa. O objetivo, com isso, foi o de compreender quais são os limites de manipulação da linguagem por agentes inteligentes e quais os subsídios que a própria investigação pode ofertar para a compreensão sobre a linguagem humana.

De acordo com Alexandre, Benveniste trata de uma situação enunciativa, em que a linguagem é atualizada no ato, e cada vez em que um enunciador mobiliza o sistema da língua para falar algo, acaba atualizando a língua toda, mantendo-a viva. “Esse aspecto enunciativo, que é constituído pela apropriação do sistema da língua, é próprio do ser humano, e a condição de semantização da língua é um dos fundamentos do processo enunciativo. No fim, a IA pode ter um excelente mecanismo de triagem de dados e servir para nos auxiliar em muitas frentes, mas, dentro desse modelo lógico-matemático proposto, jamais se comportará como um enunciador, apenas como um manipulador de enunciados”, explica.

Pesquisa inovadora
Para Alexandre, o prêmio é muito importante para o Programa, porque destaca o trabalho de base, de fundamentação e interdisciplinaridade, em que os professores estão dispostos a se envolver. “É sempre um risco tremendo sair da matriz teórica que é segura, que tem alicerces firmes, e fomentar pesquisas inovadoras. Isso porque o que há 4 anos talvez nem fosse objeto de estudo dos centros de pesquisa em linguística no país, hoje tem na UPF um movimento de vanguarda. Antes do GPT se tornar uma febre global, o PPGL da UPF já havia demonstrado que ele era uma excelente ferramenta para tratar de enunciados, sem que jamais venha a superar o ser humano no trato com a língua”, comenta.

A orientadora do trabalho, professora Cláudia concorda, destacando que o prêmio representa muito para o PPGL e para suas pesquisas. “Temos investigado questões de linguagem numa perspectiva enunciativa, observando a linguagem humana sob diferentes perspectivas. Nossas pesquisas em linguística trazem grandes problemas que se ocupam os estudiosos da linguagem. A enunciação é o que permite a presença do homem na língua e a garantia da formação da sociedade. Eis aí o diálogo com a linguagem artificial que está na vida das pessoas que vivem em sociedade. Um diálogo interessante de se estudar”, destaca. Na opinião da coordenadora do PPGL, o reconhecimento das pesquisas desenvolvidas valida o quadro teórico em que o Programa está inserido – estudos enunciativos. “Reconhecer uma pesquisa e um trabalho feito enaltece a ciência, ainda mais na área das humanidades, como nas Letras”, finaliza.

Fonte: Assessoria de Comunicação/Foto Camila Guedes

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