Hoje no Campo – Clima e recuperação técnica impulsionam cotações da soja na Bolsa de Chicago

Foto: Edemir Rodrigues

Especialista alerta que recentes altas ainda não podem ser consideradas como uma tendência do mercado

Recuperação técnica de preços da soja e especulações sobre as condições meteorológicas nos Estados Unidos estão impulsionando a cotação do grão na Bolsa de Chicago nos últimos dias. A alta foi mais sentido no início desta semana, depois de um período de posições de baixas muito expressivas. A avaliação é do analista da consultoria Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez Roque.

“Se compararmos com alguns dias atrás, a soja está num momento melhor. Mas isso não quer dizer que está apontando para um movimento de alta”, alerta Gutierrez Roque.

O analista explica que a oleaginosa perdeu muito valor desde meados de maio, caindo para menos do que onze dólares o bushel, “ou até menos do que isso”. Para Gutierrez Roque, as correções técnicas ocorrem naturalmente diante de quedas tão acentuadas. Outra motivação para a elevação acompanharia as expectativas e apostas em relação ao clima nos Estados Unidos.

“Os próximos dias, os últimos dias de julho e os primeiros dias de agosto devem ser de temperaturas mais elevadas no país, com chuvas um pouco menores do que nas últimas semanas. Isso abre espaço para especulação sobre possíveis pioras nas condições de lavoura. Mas é tudo especulação. Sabemos que funciona assim. Por enquanto, não podemos falar em problemas na safra americana”, diz o analista.

Gutierrez Roque salienta que as condições, ao contrário das cogitações, encontram-se “bem melhor do que aquelas do ano passado, por exemplo. Por enquanto, temos de falar em safra cheia nos Estados Unidos”.

Influência política

Por outro lado, a disputa pela Casa Branca ainda exerce pouca influência nas variações da soja na Cbot. O impacto sobre contratos de futuro será mais perceptível, de acordo com o analista, com a aproximação do final do processo eleitoral. Neste caso, Gutierrez Roque aponta dois cenários. O primeiro está associado a uma eventual vitória do ex-presidente republicano Donald Trump.

“A possibilidade de Trump ser eleito, teoricamente é negativo para a soja. O pessoal olha para trás e lembra do primeiro mandato dele, quando houve a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Naquele momento, a demanda pela soja americana caiu bastante, pelas taxações. É possível que, ele sendo eleito, tenhamos uma segunda rodada desta guerra. Isso tende a ser negativo para Chicago”, avalia o especialista.

Em contrapartida, Gutierrez Roque considera que o “mercado pode se animar um pouco” diante de uma provável inscrição da vice-presidente Kamala Harris na disputa, oferecendo uma possibilidade de vitória às forças democratas. “Isso ajuda positivamente”, diz o analista de Safras & Mercados.

Cenário nacional

No Brasil, embora a formação do preço do grão seja balizada principalmente pela bolsa americana, também é preciso acrescentar à conta a variação da taxa de câmbio e dos prêmios de exportação.

“Apesar de o mercado haver caído bastante até meados de julho, tivemos alguns momentos mais positivos. Agora, inclusive, o mercado está um pouco melhor, acompanhando Chicago, mas também por conta do câmbio. O câmbio tem ajudado. O dólar valorizado frente ao real tem ajudado os prêmios de exportação. Temos exportado muito bem”, diz Gutierrez Roque.

O analista prevê a possibilidade de um segundo semestre, “ou para o restante do ano”, com resultados mais positivos, “principalmente porque prêmios devem ajudar”. “Tivemos uma quebra produtiva no Brasil, temos uma menor oferta disponível e existe uma briga grande entre exportação e mercado interno, que tende a levar a estoques baixos na virada do ano. Isso tende a ajudar os preços. Para o restante do ano, para a safra disponível de 2023/2024, o cenário é um pouco mais positivo”, diz Gutierrez Roque.

Fonte: Jornal Correio do Povo

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