Economia – Biocombustível, 5 novos projetos no Rio Grande do Sul, podem colocar o estado no caminho do desenvolvimento da produção em escala e da transição energética Sustentável


O estado do Rio Grande do Sul está se destacando no impulsionamento da produção de biocombustíveis, atendendo à crescente demanda por uma transição energética mais limpa e sustentável. Novos projetos estão sendo implementados para aumentar a produção de etanol e biodiesel na região, trazendo benefícios econômicos, sociais e ambientais.

O lançamento de mais uma fábrica de biocombustíveis no Rio Grande do Sul, anunciado no início deste ano, em Viadutos, se juntou a uma dezena de outros projetos já existentes e a uma lista de outros que ainda devem sair do papel nos próximos anos. Esse conjunto de iniciativas representa um passo importante para uma indústria que tem potencial para se desenvolver em solo gaúcho. Representantes do segmento afirmam que o Estado tem todos os ingredientes para isso: matéria-prima agropecuária, força fabril e olhar de investimento.

Já são cinco projetos de usinas de etanol licenciados pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) no RS em vias de sair do papel. Liderando em iniciativas, a região norte do Estado caminha para ser referência na produção gaúcha. Três projetos ficam nessa porção geográfica: em Passo Fundo, Viadutos e Carazinho. Os demais estão em Júlio de Castilhos e Santiago, na região central.

No caminho irreversível rumo à energia do futuro, as iniciativas englobam um projeto ainda maior, o da sustentabilidade, que conversa com um compromisso de três letras cada vez mais forte na cultura das corporações. São as práticas ESG — sigla em inglês de Environmental, Social and Governance (Governança Ambiental, Social e Corporativa). Os fundamentos levam a um conjunto de boas práticas e aceleram a busca das empresas por ações de economia sustentável.

Um dos principais projetos em andamento é a expansão das usinas de etanol de milho. O Rio Grande do Sul possui condições favoráveis para o cultivo desse tipo de cereal, o que possibilita uma produção mais eficiente e com menor impacto ambiental. Com isso, espera-se aumentar significativamente a oferta de etanol no mercado, reduzindo a dependência dos combustíveis fósseis.

Além disso, também estão sendo realizados investimentos na produção de biodiesel a partir de matérias-primas como soja, girassol e Trigo. O estado é um grande produtor agrícola desses alimentos, o que torna viável a utilização dos mesmos na fabricação do biocombustível. Essa iniciativa contribui não só para diminuir as emissões de gases poluentes, mas também para fortalecer o setor agrícola local.

Esses novos projetos têm impacto direto no desenvolvimento econômico da região, gerando empregos nas áreas rurais e urbanas relacionadas à produção dos biocombustíveis. Além disso, promovem uma maior diversificação da matriz energética do estado, reduzindo sua dependência das fontes não renováveis.

Com esses avanços na produção de biocombustíveis no estado gaúcho, espera-se que outras regiões também se inspirem nesse modelo sustentável e adotem medidas semelhantes. Assim poderemos caminhar rumo a um futuro mais limpo e consciente em relação ao uso dos recursos naturais.

Na linha que compete à sustentabilidade, as indústrias de biocombustíveis estão entre as iniciativas que despontam. O setor é aposta de governo para a reindustrialização, e ganhou destaque na Nova Política Industrial anunciada no início do ano. O programa tem entre as metas ampliar em 50% a participação dos biocombustíveis na matriz energética brasileira de transportes até 2033. Atualmente, os combustíveis verdes representam 21,4% dessa matriz.

No Rio Grande do Sul, há um crescimento ainda mais expressivo: foram 66,8% a mais de etanol hidratado vendido nos postos, ou 55 milhões de litros. O volume, considerado ainda pequeno, foi recorde nos últimos cinco anos no Estado, pontua o economista-chefe da consultoria ES Petro, Edson Silva.

No mercado do biodiesel, a produção entregue às distribuidoras em 2023 superou em 20% o volume do ano anterior. Foram 7,3 bilhões de litros, conforme os dados consolidados da ANP.

A participação dos biocombustíveis nas bombas é significativa no momento em que amplamente se discute a transição energética e a necessidade de descarbonização dos veículos automotores.

O que são Biocombustíveis:

Biocombustíveis são combustíveis produzidos a partir de fontes renováveis, como plantas, resíduos agrícolas e até mesmo microorganismos. Eles se diferenciam dos combustíveis fósseis (como o petróleo e o carvão) por serem obtidos a partir de materiais biológicos recentemente produzidos, ou seja, não derivam de recursos que levaram milhões de anos para se formarem.

Existem diferentes tipos de biocombustíveis, sendo os mais comuns o etanol e o biodiesel. O etanol é geralmente obtido por meio da fermentação do açúcar presente em culturas como a cana-de-açúcar e o milho. Já o biodiesel é produzido a partir da transesterificação de óleos vegetais ou gorduras animais.

Esses biocombustíveis podem ser utilizados em veículos automotores, substituindo parcialmente ou completamente os combustíveis fósseis. Além disso, eles também podem ser usados ​​para geração de energia elétrica em usinas termelétricas ou cogeração.

Os biocombustíveis são considerados uma alternativa mais sustentável aos combustíveis fósseis porque sua produção libera menos gases do efeito estufa na atmosfera. Isso ocorre porque as plantas utilizadas na fabricação desses combustíveis absorvem dióxido de carbono (CO2) durante seu crescimento, compensando as emissões liberadas quando são queimadas.

Etanol

O etanol é um biocombustível líquido obtido principalmente a partir da fermentação de açúcares presentes em matérias-primas como cana-de-açúcar, milho, beterraba e trigo. É utilizado como aditivo na gasolina ou como combustível puro em veículos flex-fuel.

A produção de etanol a partir dessas matérias-primas envolve um processo de fermentação, no qual enzimas transformam os açúcares em álcool. Em seguida, o álcool é destilado para remover impurezas e obter um produto final de alta pureza.

O etanol tem várias vantagens ambientais em relação aos combustíveis fósseis. Sua queima libera menos gases do efeito estufa na atmosfera, contribuindo para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) e outros poluentes atmosféricos. Além disso, o cultivo das matérias-primas utilizadas na produção do etanol ajuda a absorver CO2 da atmosfera.

Outra vantagem do etanol é sua capacidade de substituir parcialmente a gasolina em veículos automotores sem exigir grandes modificações no motor. Isso permite uma transição mais suave para fontes renováveis ​​de energia nos transportes.

No Brasil, o uso do etanol é bastante difundido e incentivado. O país possui uma das maiores indústrias produtoras de etanol do mundo, graças às condições favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar. A matriz energética brasileira conta com uma significativa participação do etanol nos combustíveis utilizados pelos veículos.

Em suma, o etanol é um biocombustível renovável que apresenta diversas vantagens ambientais quando comparado aos combustíveis fósseis. Sua utilização contribui para reduzir as emissões de gases poluentes e promover uma transição energética mais limpa nos transportes.

No Rio Grande do Sul, a produção de etanol tem ganhado maior destaque nos últimos anos como alternativa rentável para as safras de inverno. O Estado não tem produção de cana, mas é solo fértil para as culturas do trigo, do sorgo, do triticale e da cevada, que permitem gerar etanol.

Já são cinco projetos de usinas de etanol licenciados pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) no RS em vias de sair do papel. Liderando em iniciativas, a região norte do Estado caminha para ser referência na produção gaúcha. Três projetos ficam nessa porção geográfica: em Passo Fundo, Viadutos e Carazinho. Os demais estão em Júlio de Castilhos e Santiago, na região central.

Be8 (antiga BSBios) do RS para o mundo

É também a partir do Rio Grande do Sul que a produção brasileira de biodiesel ganha o mundo. No mercado há quase duas décadas, a Be8 (antiga BSBios), com sede em Passo Fundo, lidera o mercado nacional do segmento e há 11 anos fez a sua primeira — e pioneira — exportação para a Europa. No ano passado, a companhia concluiu sua primeira remessa aos Estados Unidos, ampliando mercado.

Além do biodiesel processado a partir da soja e outras gorduras, a empresa tem investido forte em projetos para a produção de etanol a partir de trigo e triticale. A ideia é que a sua unidade fabril seja flexível também a outras culturas como sorgo, milho e arroz. A nova usina, prevista para operar a partir de 2025, em Passo Fundo, deve produzir até 220 milhões de litros do combustível.

A diversidade de matérias-primas na fabricação de biocombustíveis, disponíveis em potência no Rio Grande do Sul, é destacada pelo fundador e presidente da Be8, Erasmo Battistella, como opção de manter rentabilidade durante o ano todo ao conciliar produção agropecuária e produção fabril:

— Estamos encaixados no sistema produtivo do Estado, e isso é um benefício muito bom também para o agricultor, que pode ter comercialização 12 meses ao ano, já que as fábricas não param.

Além das unidades locais, a empresa possui operações internacionais no Paraguai e na Suíça. Para Battistella, a produção dos combustíveis sustentáveis é oportunidade de desenvolver todas as frentes que conversem com o ESG: os compromissos ambientais, a inclusão social e a geração de emprego. Mas também de ser acessível em um momento de mudanças.

— O fato é que, além de todas as externalidades positivas de poluir menos, de gerar mais emprego e renda, de ser uma produção local, de beneficiar a agricultura, ou seja, de ser um combustível ESG, nós também somos competitivos. Muitas vezes o biodiesel e o etanol são mais baratos que o diesel e a gasolina, e isso é excelente, porque também queremos que a transição energética tenha impacto zero em preço e em inflação — diz o empresário.

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