Crise financeira no Hospital São Vicente de Paulo foi tema de fórum promovido pelo legislativo osoriense


A crise financeira no Hospital Beneficente São Vicente de Paulo (HSVP), em Osório, foi tema do fórum promovido pelo Legislativo osoriense, na noite desta quarta-feira (27), no Plenário Francisco Maineri. O evento foi proposto pelo vereador João Pereira (MDB), com o intuito de ampliar as discussões sobre os problemas enfrentados pela instituição de saúde, que acumula um déficit mensal de cerca de R$ 1,3 milhão, considerando a receita média de R$ 1,7 milhão e as despesas, que chegam a R$ 3 milhões. “A situação é grave e requer a busca de soluções conjuntas, uma vez que o hospital é referência em atendimento para os municípios da região Bons Ventos, que além de Osório é integrada por Tavares, Mostardas, Palmares do Sul, Capivari do Sul, Santo Antônio da Patrulha e Caraá”, ponderou João Pereira.

O presidente em exercício da Casa Legislativa, Miguel Calderon (PP), salientou a importância do HSVP para a população, lembrando que a instituição filantrópica completou 97 anos de prestação de serviços. Reafirmou que as questões envolvendo o hospital são de interesse de toda a sociedade. Representando a Associação dos Municípios do Litoral Norte do RS (Amlinorte), o prefeito em exercício de Osório, Charlon Müller, frisou a necessidade da mobilização coletiva, com a participação efetiva das lideranças políticas da região. Informou que no próximo dia 02, na sede da Amlinorte, ocorrerá a primeira reunião do grupo de trabalho definido durante encontro com a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, para tratar sobre o hospital.

O HSVP presta atendimento, em média, a 70% dos pacientes via Sistema Único de Saúde (SUS) e 30% de convênios e particulares. Conforme o diretor-presidente da instituição, Marco Aurélio Pereira, em relação ao SUS, no mês de junho, foram atendidas 1.473 emergências e realizados 6.267 exames laboratoriais, 239 mamografias, 507 tomografias, 162 cirurgias e 339 internações. O dirigente alertou que a busca por alternativas para solucionar a crise, que remonta há mais de duas décadas, tem sido constante para evitar a paralisação dos serviços hospitalares.

O superintendente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do RS, André Emílio Lagemann, revelou que 74,17% das instituições hospitalares no Estado são sem fins lucrativos. Conforme os números apresentados, atualmente há 333 hospitais no Rio Grande do Sul, sendo que 247 são filantrópicos e representados pela federação. Ao lembrar que o financiamento da saúde é tripartite, afirmou que somente com os recursos da tabela SUS da União e Estado é inviável manter a estrutura do HSVP, sendo necessária a complementação de custeio por parte dos Municípios.

Lagemann afirmou que durante a pandemia de Covid-19, as instituições de saúde filantrópicas foram responsáveis pela maioria absoluta dos atendimentos. De acordo com ele, superlotações generalizadas, alto custo do processo assistencial e déficits na prestação de serviços frente a contraprestação estabelecida pelo sistema, marcaram a pandemia. Informou, ainda que, o cenário pós-pandêmico apresentou represamento de procedimentos eletivos e o aumento de custos dos insumos. Estes fatores contribuíram no agravamento das dificuldades econômicas enfrentadas pelas instituições de saúde.

Também fizeram manifestações, o coordenador adjunto da 18ª Coordenadoria Regional de Saúde, Ronaldo Eder Rech, o secretário da Saúde de Osório, Danjo Renê, e o diretor técnico do AESC – Hospital Beneficente Santa Luzia, em Capão da Canoa, Francisco Henrique Lammerhirt. O fórum abriu espaço para questionamentos da plateia. Um dos temas abordados foi a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), de responsabilidade do município dentro do sistema de atenção básica de saúde. Entre os presentes no evento, estavam os vereadores Luis Carlos Coelhão (PDT) e Julio Mirim (MDB); a assessora Jussara Maria Cenci Silveira, representando o deputado estadual Gabriel de Souza; o assessor Edison Silveira, o deputado federal Pompeo de Mattos, e o assessor Pablo Fernandes, o deputado federal Marcelo Moraes.

 

 

Texto: Adriana Davoglio – Assessora de Comunicação