Clima – Nível do Guaíba chega a 4m31cm no Cais Mauá

Imagens de drone da Orla do Guaíba, em Porto Alegre, na madrugada desta sexta-feira — Foto: Reprodução Redes Sociais / Chico Santana/Reprodução TV Nativoos

A informação é do Centro Integrado de Comando de Porto Alegre. A medição é das 5h15min.

Ponte do vão móvel bloqueada

A Polícia Rodoviária Federal alerta que a ponte do vão móvel, em Porto Alegre, está bloqueada em ambos os sentidos devido a alagamento na pista

Estação Rodoviária de Porto Alegre, está com piso de baixo alagado na manhã desta sexta-feira.

Guaíba sobe 8cm por hora e deve atingir 5 metros hoje

As chuvas desta semana que mataram até quinta-feira 29 pessoas no Rio Grande do Sul começaram a levar risco a Porto Alegre, depois de alagar cidades, destruir estradas e o pedaço de uma barragem e levar à retirada de moradores de áreas atingidas no interior. O nível do Rio Guaíba, que banha a capital, pode ter um aumento recorde por causa das tempestades, que devem durar até o domingo. Nesta sexta-feira, o nível do rio chegou a 4m31cm no Cais Mauá, superando a cota de inundação, de 3 metros. É o maior nível do Guaíba desde 1941. A expectativa é de que a água atinja os 5 metros hoje.

Ao atualizar as informações sobre os danos e mortes provocados pelos temporais, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que a expectativa de especialistas do governo é de que o nível de elevação do Guaíba chegue a um recorde.

Será a maior que a enchente de 1941 — disse Leite, referindo-se à maior cheia que já atingiu Porto Alegre em sua História.

As populações residentes na Zona Sul da capital gaúcha, Barra do Ribeiro, Guaíba, Eldorado do Sul e as ilhas do Guaíba serão as mais atingidas, segundo o hidrólogo Pedro Luiz Camargo, integrante da sala de situação montada pelo governo gaúcho para acompanhar a chuva e organizar o socorro aos atingidos.

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul enviou alerta sobre a condição do Guaíba e orientou que moradores que vivem próximo ao rio, em áreas de risco, deixem suas casas. “As pessoas que não tiverem locais alternativos devem buscar informações junto à Defesa Civil da sua cidade sobre os abrigos públicos disponibilizados pelas prefeituras, rotas de fuga e pontos de segurança”, informou o órgão, em comunicado.

Leite voltou a dizer na quinta que os números de mortos, feridos (36) e de outras pessoas e cidades afetadas pela chuva vão aumentar.

— Temos 60 desaparecidos registrados. Mas sabemos que há pessoas desaparecidas em lugares inacessíveis — avisou.

Ao todo, 4,6 mil pessoas foram salvas pelas equipes de socorro, desde o início das tempestades desta semana. Mas o governador apelou novamente, como havia feito na quarta-feira, para que os moradores busquem locais longe de áreas de alagamento apontadas pela Defesa Civil.

— A situação que estamos vivendo é absurdamente excepcional. É o momento mais crítico que o estado terá registro na sua História . É impossível atendermos todos os resgates com as condições climáticas que estamos vivendo — disse Leite, repetindo um alerta feito na quarta-feira.

O ponto mais crítico é a região do Vale do Taquari. De acordo com o governador, já foram detectados mais de 160 pontos na área em que grupos de pessoas pediram ajuda e aguardavam na quinta por resgate. Em setembro, a passagem de um ciclone tropical matou 54 pessoas no mesmo vale.

O Rio Taquari atingiu o maior nível desde 1941 ao ultrapassar a marca de 31 metros na madrugada de quinta-feira. No início da tarde, a chuva acumulada provocou o rompimento da Barragem da Hidrelétrica 14 de Julho, entre os municípios de Cotiporã e Bento Gonçalves, levando à retirada de moradores pela Defesa Civil.

Há o perigo de desastres em outras cinco barragens. O governo orientou moradores a deixar áreas de risco e a procurar abrigos públicos ou outro local de segurança durante a elevação de nível do Taquari em Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Arroio do Meio, Encantado, Colinas e Lajeado.

A catástrofe afetou as cidades turísticas de Gramado e Canela. O governador fez um apelo para que os moradores dos dois municípios da Serra Gaúcha deixem suas casas, assim como em Nova Petrópolis, Vale Real e Feliz, também na região.

Lula promete apoio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve no Rio Grande do Sul na quinta-feira, onde se reuniu com Leite, depois do voo programado sobre Santa Maria ter de ser cancelado devido ao mau tempo. Lula disse que o governo federal não medirá esforços para apoiar financeiramente o estado.

— Não faltará, por parte do governo federal, ajuda para cuidar da saúde, não vai faltar dinheiro para cuidar da questão do transporte, dos alimentos, tudo o que tiver ao alcance. Vamos dedicar 24 horas de esforço para que a gente possa atender as necessidades básicas do povo isolado por causa das chuvas — afirmou o presidente, dizendo que irá “rezar muito” para que as chuvas parem. — Lamentavelmente a gente só não vai conseguir prometer recuperar as vidas das pessoas, porque não está ao nosso alcance, mas a gente vai tentar minimizar o prejuízo.

Leite agradeceu ainda pela ida do presidente, o que “poupa a necessidade de várias ligações”, e disse que os dois alinharam ações de apoio e estrutura para resgates neste primeiro momento e para reconstrução e busca da normalidade num segundo momento.

O governo gaúcho decretou na quarta-feira estado de calamidade pública, com validade de 180 dias, que estabelece que os órgãos e entidades da administração pública devem prestar apoio imediato às áreas afetadas, em colaboração com a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil. O texto também prevê a possibilidade de os municípios afetados pedirem auxílio semelhante.