Clima – Guaíba pode ultrapassar os 5 metros, aponta projeção do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS

água ultrapassa os taludes do Cais Mauá e avança sobre o solo. André Ávila / Agencia RBS/Reprodução TV Nativoos

Pesquisadores consideram volume de água dos rios que desaguam em Porto Alegre e também virada de direção do vento para o Sul. Nível recorde, de 4m76cm, foi registrado na enchente de 1941

O Guaíba superou a cota de inundação às 13h15min desta quinta-feira (2), ao atingir os 3m01cm. A previsão da Defesa Civil é de que a água ultrapasse os 4 metros. Já para os pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o nível pode bater recordes, indo além dos 4m76cm registrados na enchente de 1941.  No pior dos cenários, o nível se aproxima ou até extrapola os cinco metros.

O nível do Guaíba está em alta progressiva desde a tarde de terça-feira (30) em razão da chuva que atinge o Estado. A partir dos 3 metros já é considerado cota de inundação, a água ultrapassa os taludes do Cais Mauá e avança sobre o solo. Depois, as águas são freadas pelo muro da Mauá, no cenário de comportas fechadas. A prefeitura já iniciou o fechamento das comportadas para proteger o Centro.

— Na condição que estamos agora, todos os cenários que montamos indicam uma subida de até quatro metros. Inclusive, 4m50cm é uma possibilidade bastante tangível. Se continuar chovendo, especialmente nas regiões mais baixas do Rio Taquari, podemos chegar ao pior dos cenários, que é o nível se aproximar ou até ultrapassar os cinco metros — pontua Fernando Fan, professor da UFRGS e pesquisador do IPH.

Se o pior dos cenários do IPH se confirmar, Porto Alegre pode registrar uma nova cheia histórica entre sábado (4) e domingo (5). Em 1941, o nível do Guaíba chegou a 4m76cm e o centro da Capital ficou completamente alagado. Já em um passado não tão distante, as águas alcançaram 3m30cm de altura em novembro do ano passado.

— A parte central de Porto Alegre estaria protegida pelo muro da Mauá, que tem seis metros de altura. Mas a Região Sul, o outro lado do Guaíba e as Ilhas seriam afetadas — acrescenta o pesquisador. 

No cenário mais conservador do IPH, no qual a subida atinja quatro metros, esses lugares já enfrentariam uma condição pior do que a vivida em novembro de 2023, alega Fan. 

O Guaíba é o final da Bacia Hidrográfica da Lagoa dos Patos e recebe água dos rios Jacuí, Caí, Taquari, Sinos e Gravataí. Ou seja, todos esses cursos de água, que também estão registrando subidas históricas por causa dos temporais, desaguam no Guaíba. A preocupação dos especialistas é grande porque, somado aos altos volumes de chuva, essas vazões fazem com que a elevação dos níveis de água do Guaíba continue acontecendo.

 Alguns rios têm uma resposta hidrológica mais lenta. A chuva mais distante, lá no Jacuí, por exemplo, demora mais para chegar aqui, devido ao tempo de viagem. A chuva desta quinta (2) e sexta-feira (3) por lá vai levar uns dois ou três dias para chegar em Porto Alegre, dependendo das condições — afirma Franco Buffon, gerente de hidrologia e gestão territorial do Serviço Geológico do Brasil (SGB).

Vento Sul piora a situação

Ainda, a Defesa Civil alertou para a virada de direção do vento para o Sul, o que pode piorar ainda mais a situação. De acordo com Buffon, quando o vento sopra de Sul, pode represar a parte superior da água, fazendo com que o nível de água em Porto Alegre aumente consideravelmente. Para ele, essa mudança de direção é considerado um fator preocupante.

— Quando o vento sopra de Norte, em direção à Foz do Guaíba, lá para Lagoa dos Patos, ele ajuda a empurrar as águas para longe de Porto Alegre, para dentro do Lagoa dos Patos. Mas quando o vento sopra de Sul, tem a capacidade de fazer com que a água superficial, seja movimentada, digamos assim. O rio embaixo da superfície está correndo em direção normal em direção à Lagoa dos Patos, mas a parte superior da água fica retida — explica. 

Fonte:GZH

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