Capão da Canoa – Construtora é investigada por vender e não entregar casas

Casas entregues mal acabadas

Obras deveriam ficar prontas em sete meses, mas há clientes aguardando há três anos; pelo menos 20 vítimas foram identificadas e prejuízos chegam a mais de R$ 100 mil

A Polícia Civil investiga uma construtora de Capão da Canoa, no Litoral Norte, por estelionato: a empresa teria vendido casas para 20 pessoas, mas não entregou as obras nos bairros Jardim Beira-Mar, Capão Novo e Nova Guarani. Os imóveis deveriam ter sido erguidos em sete meses, mas o atraso já se estende por anos.

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— É um sonho que a gente espera que não acabe dessa forma. Eu nem grávida estava, nem sonhava em ser mãe, quando fiz (a compra). Hoje, a minha casa se encontra inacabada e eu estou morando de favor. Minha filha está para nascer agora, dia 3, 4 do mês que vem, e a gente não tem a nossa casa pronta — conta Andriele Dopke, que adquiriu uma casa há três anos.

A construtora responsável pelas obras é a Traumcon, de propriedade do empresário Tarso Baum. Em entrevista, ele negou que tenha aplicado um golpe nos clientes e afirmou que a empresa está falida, razão pela qual não consegue entregar os imóveis.

Os problemas, segundo ele, começaram durante a pandemia de covid-19quando materiais de construção civil estavam em falta e, por isso, encareceram. Também alegou que houve clientes que não pagaram valores referentes a etapas concluídas de obras.

— Tem casas que eu não fiz e eu não vou mais fazer porque, o que acontece, eu trabalho por reembolso. Se eles não pagarem, eu não tenho obrigação de fazer. Se tu não me passa a parcela, eu não vou fazer porque eu não recebi, entendeu? A gente levou muito calote — afirma Baum.

Clientes discordam

Os clientes da construtora contestam a versão do empresário. Rafael Martins trabalha como vendedor e conseguiu um financiamento com a Caixa Econômica Federal para a aquisição de uma casa. Desde o ano passado, vem pagando juros por conta do endividamento.

— Desde novembro que foi liberado (o alvará da prefeitura), a gente tá pagando juro de obra em torno de R$ 1 mil, R$ 1,2 mil. Faz mais de ano isso aí — relata.

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Andrieli Baielle é outra das vítimas. Ela conta que a sua casa não tinha o mínimo quando foi entregue.

— Eu entrei na casa em julho deste ano. A casa não tinha porta da frente, abertura interna, não tinha porta do banheiro, vaso sanitário. Não tinha ligação de água dentro — relembra.

Houve casas de clientes em que as obras avançaram até a montagem dos alicerces — e pararam. Foi o caso de Ana Paula Souza da Costa, que previa a mudança para outubro do ano passado.

— A gente tem a base da casa com mais ou menos seis fileiras de tijolo. E foi repassado para ele (o empresário) R$ 50 mil só de fundos nossos e valores da Caixa — diz Ana Paula.

Já Brenda Martins, agente de viagens, contabiliza os gastos que já teve com a casa que nunca recebeu. As obras estão paradas.

— De entrada, a gente deu R$ 20 mil e repassei as parcelas que foram entrando na minha conta da Caixa, que foi R$ 93 mil do terreno e mais parcelas. Repassei para a conta do Tarso Baum — afirma Brenda.

Fiscalização da Caixa Econômica Federal

O grupo também critica a forma como a Caixa Econômica Federal fiscaliza as obras — uma das obrigações do banco, responsável pelos financiamentos. Dizem que, no começo das construções, visitava os canteiros de obra. Depois, não visitou mais.

À reportagem, a Caixa Econômica Federal disse que analisa os casos.

Fonte: GZH

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